Braga: Bastonário aponta atrasos de um ano nos rastreios ao cancro do útero

Ordem dos Médicos visitou serviço de ginecologia/obstetrícia do Hospital de Braga, onde recebeu garantias da administração de que vai reforçar as equipas
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Rastreios ao cancro do colo do útero feitos com um ano de atraso e urgências de obstetrícia com um número de especialistas abaixo do que é considerado seguro. Estes foram os principais problemas detetados pela Ordem dos Médicos numa visita realizada esta quinta-feira ao Hospital de Braga, onde o bastonário recebeu a garantia da administração de que serão contratados mais profissionais.


A maternidade do Hospital de Braga é já a segunda com mais partos na região norte, atrás do Centro Materno-Infantil do Porto, mas "tem poucos médicos" para acompanhar esse aumento de atividade, argumenta o bastonário da Ordem dos Médicos, que se reuniu com responsáveis do hospital para discutir os problemas do serviço de ginecologia/obstetrícia. Segundo a administração do Hospital de Braga, numa nota enviada ao DN, o serviço funciona com 32 médicos especialistas e tem contratado de forma regular, tendo reforçado a equipa com 11 médicos nos últimos sete anos.


"A questão", rebate o bastonário ao DN, "é que muitos dos especialistas têm já mais de 50 e 55 anos, podem deixar de fazer noites e urgências. Portanto, na prática têm apenas 13 especialistas para esse trabalho. As equipas de urgências deviam ter 4/5 elementos por turno, três deles especialistas, mas não têm". Uma das consequências da falta de recursos humanos denunciada por Miguel Guimarães é o atraso na realização de exames de rastreio ao cancro do colo do útero (as colposcopias), "onde estão a chamar mulheres com um ano de atraso". "Isto para já não falar da exaustão dos profissionais", continua o bastonário, "profissionais que ameaçam pôr os papéis para deixar de fazer horas extra por já terem atingido as 200 horas anuais".

No entanto, Miguel Guimarães acredita que não se chegará a esse ponto, até porque elogia a vontade das chefias do hospital em resolver o problema. O conselho de administração informa que só este ano autorizou a contração de três especialistas e que não tem contratado mais por há uma "falta de oferta de especialistas de ginecologia/obstetrícia disponíveis no mercado, limitação que espelha uma realidade nacional". Ainda assim, garante o hospital,"estão asseguradas as condições de segurança clínica na prestação de cuidados de saúde à população do Minho".

Nas contas de Miguel Guimarães, o serviço de Obstetrícia de braga precisava de mais cinco especialistas. "Até porque isso permitiria formar mais internos, o serviço tem neste momento capacidade para formar oito internos, mas passaria para o dobro, para 16, o que seria muito importante também para o país".

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