APAV ajudou mais de 5600 idosos vítimas de crime nos últimos quatro anos
37,4% dos agressores são os próprios filhos e 27,6% o cônjuge
Mais de 5600 pessoas idosas foram vítimas de crime e de violência nos últimos quatro anos, segundo a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, sobretudo mulheres agredidas pelos filhos, que viveram nesta situação entre dois e seis anos.
Dados da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), quando se assinala o Dia Internacional da Pessoa Idosa, revelam que entre 2013 e 2017 a associação ajudou 5683 pessoas idosas, em que a maioria (4556) foram vítimas de crimes e de violência.
No total dos 10 740 crimes associados a estas 5683 pessoas, 8561 foram relativos a violência doméstica, seguido de crimes contra pessoas (1595), crimes contra o património (515), crimes contra a vida em sociedade e o Estado (40), outras formas de violência (26) e crimes rodoviários (3).
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No total das 4556 pessoas idosas vítimas de crime e de violência, 3619 eram mulheres e 937 eram homens, em 37,4% dos casos eram pai/mãe do agressor, e em 27,6%, cônjuge.
Cerca de 28% tinham entre 65 e 69 anos, em 42% dos casos eram casadas e pertenciam a um tipo de família nuclear com filhos (30,5%).
Estas pessoas sofreram de vitimação continuada (79%) e em 12% dos casos viveram nesta situação entre dois e seis anos, com as agressões a ocorrer sobretudo (53,3%) na residência comum e em 28,8% na residência da vítima.
Nestes quatro anos, a APAV contabilizou mais agressores do que vítimas, com os primeiros a chegarem aos 4.771, na maior parte dos casos (3.259), do sexo masculino e com idades compreendidas entre os 65 e os 74 anos.
Outro dos problemas ligados aos mais velhos é a solidão, havendo, em Portugal, mais de 400 mil pessoas que vivem sozinhas, o que acarreta mais riscos no que diz respeito à sua saúde física e psicológica.
Numa carta enviada ao governo, a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) alerta para o terço da população portuguesa que será idosa em 2050 e para o quase um milhão que terá mais de 80 anos, apontando que as doenças mais comuns associadas à solidão são a hipertensão arterial, as infeções repetidas, a ansiedade, a depressão e as demências.
Nessa mesma carta, a OPP mostra-se disponível para colaborar com o governo no sentido de combater "este difícil desafio demográfico", defendendo que a "promoção de processos de envelhecimento ativo e saudável traduzir-se-á em mais saúde e menos doença no futuro".
"Nesse sentido, urge promover e dar oportunidade a que as pessoas tenham mais conhecimento e literacia em saúde. Urge promover e dar oportunidade a que as pessoas construam hábitos de vida mais saudáveis", defende a OPP.
"Urge promover e dar oportunidade a que as pessoas desenvolvam competências pessoais e sociais que melhor as preparem para as crises que enfrentarão no seu processo de envelhecimento e lhes permitam mais realização pessoal, mais bem-estar e mais qualidade de vida", acrescenta.
Na carta enviada ao governo, a OPP defende ainda a necessidade de promover uma agenda para a prevenção e desenvolvimento das pessoas.