A primeira prova direta: afinal há mesmo água na Lua

Depois de décadas de busca e de dados que nunca chegaram a ser uma confirmação definitiva, chegou agora a certeza. Futuras missões e até uma base permanente na Lua tornam-se uma possibilidade mais real.
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Aí está a primeira prova direta da existência de água, sob forma de gelo, na superfície da Lua. Utilizando os dados do Moon Mineralogy Mapper, um instrumento da NASA que seguiu a bordo da sonda Chandrayaan-1, lançada pela Índia em 2008 para uma missão lunar, um grupo de cientistas coordenado por Shuai Li , das universidades do Havai e de Brown, nos Estados Unidos, conseguiu confirmar pela primeira vez de forma direta que existe mesmo água na Lua. Está sob a forma de gelo e concentra-se em ambos os polos do satélite.

Os dados analisados pelos investigadores mostram que o gelo se encontra sobretudo no interior de crateras junto aos polos Sul e Norte, que estão sempre na sombra - por causa da pequeníssima inclinação do eixo de rotação da Lua, aquelas zonas nunca recebem diretamente a luz do Sol. Nesses pontos, as temperaturas nunca sobem acima dos 157 graus negativos Celsius.

A possibilidade da existência de água na Lua é uma velha esperança que ao longo de décadas se manteve apenas como isso mesmo: uma possibilidade. Nos anos de 1960 e 1970 os astronautas do programa Apollo foram à Lua e voltaram e essa questão permaneceu sempre em aberto.

Em 1994, a sonda Clementine, também da NASA, causou um enorme entusiasmo quando enviou dados que pareciam indicar a presença, ali, de gelo, mas os resultados acabaram por não ser definitivos. A dúvida permaneceu.

Já em 2009, foi a vez da sonda LCROSS (Lunar Crater Observation and Sensing Satellite), que a NASA fez despenhar na superfície da Lua, enviar outra quase confirmação da muito ansiada assinatura química H2O. Mas, mesmo assim, não houve uma comprovação definitiva.

Ela chegou agora, finalmente, garante a NASA. Foi obtida na conjugação de dois tipos de dados: as propriedades reflexivas próprias do gelo, que foram confirmadas, e as medidas da absorção da luz infravermelha pelas moléculas presentes naqueles locais. Essa absorção é diferente consoante a água está no estado sólido, líquido ou gasoso. A análise do conjunto fez a revelação: lá estava ela, pela primeira vez em direto, a água sob a forma de gelo, nas regiões polares da Lua.

Para a NASA, que anunciou a descoberta, também publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, esta é uma notícia sensacional. Ela confirma que a água está lá e que poderá um dia ser "um recurso acessível a futuras missões de exploração, ou mesmo para a instalação de uma base de permanente na Lua".

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