Vida e Futuro
27 fevereiro 2019 às 10h40

Amputaram mama saudável e apanharam 10 e 21 dias de suspensão

Caso aconteceu em 2016, no Hospital de São João.

Isaura Almeida com Lusa

Dois médicos do Hospital de São João, no Porto, foram suspensos por retirarem uma mama saudável a uma doente. O caso aconteceu há dois anos e foi revelado agora pelo JN. Os dois responsáveis pelo erro acabaram punidos pela Ordem dos Médicos, com 10 e 21 dias de suspensão. De acordo com a Lusa serão três e não dois os médicos que enfrentam um processo-crime devido ao caso descrito como "negligência grosseira" pela Ordem dos Médicos. O Ministério Público propõe a suspensão provisória do processo.

A paciente foi submetida a uma mastectomia à mama direita, na qual tinha tido um carcinoma invasivo, mas foi também retirada a esquerda sem autorização. O caso deu origem a uma queixa Ordem dos Médicos, que apurou que os clínicos cometeram o erro devido a uma "falha de comunicação", o que levou a que cometessem "infrações graves, praticadas com negligência grosseira".

Os dois responsáveis pelo erro acabaram punidos pela Ordem dos Médicos, com 10 e 21 dias de suspensão. No entanto, o caso não vai ficar por aqui, já que a vítima vai dar entrada de um processo cível contra os médicos, no Tribunal Administrativo do Porto.

A suspensão provisória do processo é uma solução processual que implica sempre o acordo dos intervenientes e a homologação por um juiz de instrução criminal, em que o Ministério Público sujeita os arguidos a regras de comportamento ou injunções durante um determinado período de tempo. Caso as mesmas não sejam cumpridas, pelo arguido, a acusação avança.

Questionada pela agência Lusa sobre se aceita a suspensão provisória do processo, a advogada Mónica Quintela, que representa a mulher em causa e tem um prazo de 15 dias a contar de terça-feira para decidir, foi lacónica: "Não me posso pronunciar".

"Para avançar com a ação, tenho de ter relatórios que quantifiquem minimamente os danos. A ação vai entrar em breve, mas não tenho nenhuma data em concreto", disse a sua advogada.

Para poder reunir a documentação necessária em tempo útil, Mónica Quintela deu entrada de Tribunal Administrativo do Porto de uma notificação judicial avulsa para interrupção de prescrição do processo, que, se essa diligencia não fosse feita, terminaria já em 06 de março.

O Jornal de Notícias relata hoje o caso de Susana Tomé, a mulher que, em março de 2016, foi submetida no Hospital de São João a uma mastectomia à mama direita, na qual tinha tido um cancro. Mas, enfatiza o jornal, "quando acordou da anestesia, apercebeu-se que lhe tinham retirado também a mama esquerda, sem a sua autorização".