Triumvrate. A startup portuguesa que dá cartas na realidade estendida

Empresa tem parceria com a Fundação Champalimaud para projeto em realidade virtual que ajuda médicos a preparar cirurgias de cancro da mama
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A aventura da Triumvrate pode ter começado oficialmente em outubro de 2021, mas a equipa fundadora tem muitos mais anos de experiência em tecnologias imersivas e projetos internacionais. Fundada por Vasco Torres (CEO), João Morais (diretor de tecnologia) e Sérgio Azevedo (direção de arte), a empresa portuguesa desenvolve projetos de realidade virtual e realidade aumentada e assinou uma parceria com a Fundação Champalimaud direcionada para a cirurgia de cancro da mama.

"Para a cirurgia de cancro da mama existem marcações muito específicas que têm de ser feitas", explicou ao Dinheiro Vivo o CEO Vasco Torres. "Este produto vai permitir não só aos estudantes mas também profissionais treinar essas marcações e conseguir ver o resultado final da cirurgia."

É tudo feito em realidade virtual com conteúdos fornecidos pela Fundação, tal como acontece com as outras instituições com quem os portugueses trabalham.

"Os especialistas dão o conteúdo e nós pegamos nele fazemos o mapeamento para mecânicas de realidade virtual. Depois, começamos a especificar e desenvolvemos tudo", descreveu. "Fazemos toda a parte da arte, do espaço, dos pacientes, dos vários tipos de interações e programação."

A criação da Triumvrate em Portugal aconteceu no final do ano passado na sequência do sucesso que os três portugueses tiveram na inciteVR, uma startup de realidade virtual focada no sector da saúde com sede na Califórnia e escritório no Porto.

Com vários produtos já no mercado, a inciteVR trabalha com a Purdue University e tornou-se uma referência na realidade virtual para a saúde, tendo concebido uma metodologia própria de desenvolvimento para esta área. Os portugueses continuam a trabalhar na inciteVR mas quiseram criar uma startup portuguesa virada para o mercado europeu, a Triumvrate, combinando a experiência e a tecnologia a partir do Porto.

"A ideia de criarmos esta empresa em Portugal foi não só para podermos trazer os produtos da inciteVR para o mercado europeu e outros mercados além dos Estados Unidos, mas também expandir a equipa do lado de cá e desenvolver produtos em Portugal", detalhou Vasco Torres.p>

"Existe uma necessidade imensa na saúde", frisou o CEO. A questão é que a procura excede a oferta em termos de conteúdos. "Existe muito interesse nesta área mas não há muitas instituições que queiram fazer os seus próprios produtos. Isto é tudo muito recente, não há quase nada", disse.

Vasco Torres relatou o contacto feito por um hospital português que queria um produto para usar na ala pediátrica no pós-operatório. "Eles querem conteúdos em realidade virtual para crianças, só que não existe nada em português", explicou o responsável. "Não existe no mercado internacional, muito menos em português, e não têm financiamento próprio para fazer este tipo de aplicação."

Com o aumento da procura de produtos de realidade estendida - tanto realidade virtual como realidade aumentada - startups como a Triumvrate também se debatem com a escassez de talento.

"Não há muito talento nesta área porque é algo extremamente recente", disse Vasco Torres. "Não só isso como a transição das pessoas que trabalham nesta área para este tipo de tecnologia não é muito fácil, porque requer a utilização de ferramentas e competências a que não estão habituadas."

É precisamente esse um dos motivos pelos quais a metodologia por detrás dos produtos inciteVR e Triumvrate é diferenciadora.

"O nosso grande destaque é uma metodologia que desenvolvemos, chamada Immersive Experience Learning Design, que utiliza estas tecnologias criando material sempre focado no estudante", referiu Vasco Torres. Esta metodologia serve para que equipas de desenvolvimento, por exemplo do lado das instituições, percebam como converter material tradicional para este novo tipo de tecnologias. "E conseguir utilizar ao máximo as capacidades que a realidade virtual dão a este tipo de experiência imersiva", sublinhou.

O próximo passo será fazer uma ronda de investimento do lado da inciteVR, nos Estados Unidos, e potencialmente na Triumvrate, havendo também a possibilidade de se candidatarem a fundos de financiamento europeu.

Vasco Torres reitera que não há mãos a medir para a procura e a equipa está bem posicionada para capitalizar no boom. "Isto é algo que está a crescer muito rápido", frisou. "Ainda não existe praticamente nada no mercado."

O CEO será um dos empresários que vai estar na audiência da Vodafone Business Conference sobre Extended Reality / Realidade Estendida, a decorrer já amanhã no Palácio da Bolsa do Porto e com transmissão ao vivo no site do Dinheiro Vivo.

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