Tráfico

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O português

P. vivia no Vidigal quando o visitei a primeira vez, em 2011. Porque ele não tinha telemóvel - "Demasiada informação", explicou-me -, combinámos por e-mail: "Pedes ao mototáxi para te deixar na rua três e perguntas no bar do Carlão onde mora o portuga." Conversámos sobre a pacificação (ocupação e permanência da polícia na favela), que estava anunciada para breve, e sobre a sua vida num lugar onde uma escola ficava em frente a uma boca de fumo - entreposto de venda de drogas guardado com metralhadoras. O jugo dos traficantes era perverso: davam tiros nas mãos de quem roubava, mas pagavam os cuidados de saúde de uma criança doente. P. desconfiava dos bandidos e da polícia - que via subir o morro para receber o "arrego" (subornos).

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