Táxis
Na véspera deste dia de reflexão dei por mim a pensar em táxis por razões bem prosaicas. Com um ombro partido e uns meses sem conduzir, passei a ser um consumidor inveterado deste meio de transporte, apercebendo-me melhor do estado confrangedor destes carros que servem os mais afortunados dos não condutores, prejudicando passageiros ocasionais e regulares.
Até à minha pequena enfermidade eu só consumia táxis regularmente indo para ou saindo de aeroportos, sobretudo em Lisboa. Lembro-me de ir observando com apreensão, à medida que esperava a minha vez, qual o carro que me iria calhar, pois na pior das hipóteses iria saltar alegremente em todos os pequenos promontórios das ruas de Lisboa, com o condutor a querer levar-me ao Estoril. Mas o verdadeiro teste começou há algumas semanas.
Como qualquer leitor observa facilmente, a degradação dos táxis nas grandes cidades é um fenómeno marcante da vida quotidiana. Um bela parte destes são Mercedes 180, 190 e 200 (?), com muitos milhões de quilómetros e de anos, comprados no mercado europeu de usados a 600 ou mil euros. A Europa não tem culpa nenhuma, antes pelo contrário, pois há lá de tudo, e é graças às diferenças de preços que vemos por aí muitos carros usados de boa qualidade e mais baratos. O problema é bem português.
Não fui ver a regulamentação, mas seguramente todos estes veículos são inspeccionados, a legislação é cumprida, e o queixume da pouca margem de lucro é generalizado. Até deve haver uma derrogação sobre a obrigatoriedade de ter apoio para a cabeça nos bancos de trás, pois, como são velhos, nessa altura não era obrigatório, mas a verdade é que se por azar o seu táxi levar uma pancada por trás, o cliente vai direito ao hospital com a coluna às costas.
É verdade que os pavimentos não ajudam, mas o problema está longe de ser apenas de idosos, doentes e pessoas com braços partidos. Também não pode ser uma mera consequência do grau de pobreza relativa do País, pois com uma efectiva e adequada legislação pode-se seguramente obrigar as empresas a terem mais respeito pela integridade física dos seus clientes.
Clientes de táxis, protestem.