Resultados

Publicado a
Atualizado a

Cavaco Silva anunciou ontem que vai exigir em 2007 resultados em três grandes áreas: desenvolvimento económico, educação e justiça. Os que já lhe tinham virado as costas por excessiva cumplicidade com o Governo têm aqui um sinal diferenciador. Não porque signifique qualquer distanciamento em relação a José Sócrates, mas porque sublinha prioridades e promete cobrança de resultados. O principal destinatário da mensagem de ano novo é o Governo, mas não é o único. É o Governo porque lhe compete a condução do País, mas Cavaco Silva não deixa de responsabilizar empresários, autarcas, professores e magistrados na exigência de progressos sectoriais. Interpreta assim os seus poderes constitucionais, que não o responsabilizam politicamente pelo Executivo, mas que lhe deixam margem de manobra para influenciar a governação.

A mensagem de Cavaco Silva deve ser confrontada com a de José Só- crates no Natal. Disse o primeiro- -ministro: "Não há dúvida de que as coisas começam a melhorar. (...) Passo a passo os resultados começam a surgir." Contrapõe o Presidente: "É chegado o tempo de ultrapassar a fase de reduzido crescimento económico e de acertar o passo com os nossos parceiros europeus, consolidando um novo ciclo de desenvolvimento." Os discursos não são contraditórios, mas evidenciam claras diferenças. Às amplas melhorias do contentamento de Só- crates responde Cavaco com exigência maior: "resultados", "progressos claros", "ultrapassagem do reduzido crescimento". É verdade que o primeiro-ministro também falou de "esforço maior" e "trabalho árduo", mas há algum contraste em termos de satisfação.

A distensão dos últimos dias de 2006, com um consumismo desenfreado, tolerâncias de ponto e férias no Brasil, não pode distrair-nos do pesado caderno de encargos que temos pela frente. As exigências do Presi- dente da República são sensatas. Recentram-nos nos principais vértices do esforço reformista. E são um sinal de que Cavaco Silva não se deixará aprisionar pelas sereias socialistas que não param de lhe render homenagens desde que o ouviram apreciar o sentido reformista do Governo.

A dita e redita "cooperação estratégica" vai ter Cavaco Silva em 2007 a acompanhar de perto a economia, a educação e a justiça. O seu discurso não será suficiente para abanar a governação, mas talvez ajude os diversos protagonistas a concentrar-se no essencial.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt