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Os professores, nem todos, fazem hoje greve e vão para a rua vestidos de negro, convocados pela Federação Nacional de Professores (Fenprof). O Presidente da República, embora questionado sobre o caso da professora que foi agredida numa escola no Lumiar, afirmou ontem que era preciso deixar a ministra da Educação "actuar com a experiência e a competência que tem para aumentar a qualidade do nosso sistema educativo".

Uma afirmação de apoio em véspera de greve dos professores muito diferente da actuação pública no diferendo que opõe os agricultores da CAP ao ministro da tutela. Em Santarém, há dois dias, alertou, pela segunda vez, ser necessário que as partes se entendam.

Noutras matérias em que as reformas do Governo têm igualmente esbarrado com a contestação dos que são directamente atingidos, o Presidente tem mantido o silêncio, como acontece na reforma da administração pública ou com os polícias, ou dado um apoio mais ou menos discreto, como se verifica na recuperação da actividade económica ou na política de inclusão social.

Recordando o que Cavaco Silva disse, em campanha eleitoral, sobre o modelo da sua intervenção, já terá falado com o primeiro-ministro sobre o diferendo na agricultura e, no limite, poderá fazer uma intervenção sobre o assunto no Parlamento. Este é, contudo, um caso que está longe de se po- der considerar uma reforma. Por muito má opinião que se possa ter do grupo de pressão que é a CAP, há aqui um problema de compromissos assumidos pela Estado português.

Naquelas que são as reformas que o Governo está a tentar concretizar, o apoio ou a não oposição do Presidente parecem claros. As reformas não vão falhar por causa de Belém.

Para os professores que escolheram fazer greve entre os feriados de Junho fica a imagem do isolamento. O Presidente da República acabou por verbalizar o que pensa a maioria dos pais com crianças a estudar. O ensino em Portugal tem de mudar. E os professores deveriam ser os primeiros a apoiar a ministra da Educação.

Dizer "os professores" pode ser injusto. Porque aqueles que sairão hoje à rua vestidos de negro só podem ser uma minoria. Os que merecem ser chamados por Professor, que trabalham com dedicação e empenho, frequentemente em más condições, e determinando um futuro de conhecimento e sucesso para os seus alunos, só podem desejar mudanças. Para uma escola onde o mérito começa por ser conhecido e reconhecido no Professor.

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