Philip Glass
O Brasil regressa à discografia de Philip Glass no terceiro volume da série “Archive”, através da qual o compositor tem vindo a disponibilizar gravações antigas de obras até aqui nunca levadas a disco, e que guardava nos seus arquivos pessoais. Depois de obras como Itaipú, Águas da Amazónia, Days and Nights In Rocinha e de evidente protagonismo em Orion e na banda sonora de Powaaqatsi, as paisagens, gentes e cores do Brasil inspiram Jenipapo, na verdade nada mais que a banda sonora para o filme, com o mesmo título, de Monique Gardenberg, estreado em 1995. A partitura de Glass reflecte uma série de tendências que a sua música abraçava em meados da década de 90, abdicando definitivamente das linguagens minimalistas que foram base da sua identidade nos anos 60 a 80, procurando, sem abdicar de uma personalidade musical inevitavelmente exploradora da repetição, um novo lirismo e uma curiosidade pelas heranças do sentido paisagista de certas tradições na música clássica ocidental. Está longe de ser uma das suas obras-primas, mas é
mais um exemplo da relação de admiração do compositor pela paisagem e cultura do Brasil.