Turquia essencial para desbloquear eixo UE/Nato
A adesão da Turquia à União Europeia é fundamental para desbloquear o relacionamento entre a UE a NATO, que é um dos temas prioritários da agenda da presidência portuguesa dos Vinte e Sete para a área da Defesa.
"A Turquia tem tomado posições na NATO que dificultam que se aprofundem e desenvolvam as 'desejáveis' relações entre as duas organizações", escreveu, num artigo recentemente publicado na Revista Militar, um dos responsáveis militares portugueses envolvidos nesse processo.
Ancara, diz o autor, usa essa táctica para "forçar a sua entrada na UE como Estado membro de pleno direito". Segundo o tenente-coronel Nuno Pereira da Silva, "a maioria destas posições turcas na NATO são relativas ao bloqueio sistemático de troca de informação, mesmo que não classificada, entre as duas organizações, impedindo assim que se estabeleça um desejável clima de transparência e confiança".
As parcerias estratégicas UE-NATO e UE-ONU constituem um dos pontos da agenda da reunião informal dos ministros da Defesa da União Europeia, que se realiza, em Évora, na próxima sexta-feira e sábado.
Mas, no caso da primeira, as coisas não funcionam porque dentro da União também há quem desempenhe papel semelhante ao da Turquia no seio da NATO: a Grécia.
Pereira da Silva indica que Atenas usa "todos os recursos e argumentos possíveis, visando impedir a entrada da Turquia na UE".
A ausência de acordos de segurança de Chipre e Malta com a NATO é outra das razões que fazem com que as relações entre a Aliança e a União Europeia "vão de mal a pior", segundo Nuno Pereira da Silva, colocado na Representação Militar de Portugal junto da UE, em Bruxelas, e que o DN não conseguiu contactar.
No seu artigo, este oficial superior escreve que a UE e a NATO estão "a desenvolver políticas de segurança e defesa de 'costas completamente voltadas uma para a outra', facto que à primeira vista parece um paradoxo, uma vez que os países que integram ambas as organizações são na sua maioria os mesmos".
A título de exemplo, Pereira da Silva adianta que a NATO é sempre referida, nos grupos de trabalho da União encarregues de desenvolver a PESD, como a "Outra Organização".|