Campomaiorense

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1. A luta contra o racismo, no caso no futebol. É certo que ao saber- -se que Luis Aragonés, que é o seleccionador espanhol, tentou motivar o seu jogador Reyes, aliás, colega de Thierry Henry no Arsenal, dizendo-lhe "tu és melhor do que esse preto de merda", e que há dias o treinador do Bastia - François Ciccolini - chamou também "albanês de merda" ao jogador Cana, do Paris-St. Germain, há quem possa dizer que foi no calor da luta que ambos os técnicos soltaram essas infelicíssimas expressões. Só que por detrás delas está fatalmente um sentimento racista, e isso ainda é pior. Porque o comportamento ainda se pode disfarçar, mas o sentimento, não é uma coisa profunda, muito difícil de alterar. Pelo que a luta por essa alteração tem de ser empreendida de forma determinada, rigorosa, mesmo severa, e não com admoestações ou multas de três mil euros, como foi o caso de Aragonés. Porque dessa forma não se vai lá. E quanto ao comportamento dos adeptos nos estádios, a mesma coisa: os clubes em cujos estádios tenham acontecido manifestações reincidentes de xenofobia e racismo podem ser - tal como leio - excluídos das provas europeias? Exacta- mente, é também por aí que deve ir-se. E com força.

2. A imensa contribuição de Rinus Michels, agora desaparecido, para a evolução, em termos de preparação, de concepção de jogo, e de atitude perante o adversário, do futebol. Consubstanciada, como é sabido, quer ao nível de clubes (Ajax, Barcelo-na), quer ao nível da selecção holandesa (a famossíssima "laranja mecânica"), naquilo a que, com muita propriedade, veio a chamar-se "futebol total". Sendo que eu poderia, nesta hora, ter colocado o seu desaparecimento na coluna dos Pontos Negativos da semana. Mas, como creio que tal contribuição para o futebol vai durar enquanto o futebol durar, sempre o vi e verei numa coluna positiva, jamais negativa. Daí que...

3. A formação do novo Governo, antes de mais pela forma sigilosa como foi levada a cabo. Aliás, sigilosa e rápida. Com - curiosamente - alguma oposição a criticar o facto de a equipa anunciada por José Sócrates não incluir alguns nomes de peso do PS. O que ela não diria, porém, se os incluísse... Quanto ao Desporto, não há ministro, vai haver secretário de Estado. Desde que seja bom...

antónio

tavares-teles

Jornalista

1. O impulso que levou o CNAD a pedir um inquérito a um alegado atraso dos quatro sorteados do União de Leiria-FC Porto para o controlo anti-doping, uma vez que, como já toda a gente percebeu, esse atraso apenas foi motivado por algumas acesas discussões no final do jogo, no túnel de acesso aos balneários, entre jogadores de ambas as equipas - um atraso que nem sequer ultrapassou os cinco minutos, ao que se sabe, e que não mereceu sequer, in loco, qualquer reparo por parte do médico que efectuou o controlo. Ora, como os ditos sorteados não foram aos respectivos balneários nem procederam a qualquer operação que pudesse alterar o resultado da análise (seria impossível fazê- -lo no meio de tanta gente), resta a pergunta porquê tanto excesso de zelo por parte do CNAD? Para já, como sugeriu José Couceiro, mostrar serviço ao novo poder político? Só se foi...

2. O cada vez maior desenvolvimento do caso "Apito Dourado", embora (ao que parece) com uma instrução do processo, sobretudo baseada em escutas telefónicas, que, ao que parece, não vão provar lá grande coisa. Aguardemos, no entanto.

3. A situação da Liga de Clubes. Para alguns (José Guilherme Aguiar e Nuno Albuquerque, por exem-plo), ela (a Liga) está ilegal e à beira do "abismo". Para Cunha Leal, não ele (director executivo da dita Liga) entende que "tem toda a legitimidade" para lá continuar, e, se tem essa "legitimidade", é obviamente porque também entende que a situação que se vive na Liga é legítima, legal pois. Para além de que - é um facto - os clubes (patrões da Liga) têm querido manter as coisas tal como elas se encontram. Só que uma coisa permanece verdadeira: o órgão-presidente da Liga é um orgão autónomo, a transferência de poderes (de Valentim Loureiro para Cunha Leal) nunca foi feita, e alguma coisa, por isso mesmo, não bate certo. Não pode bater.

4. O triste estado em que se encontram alguns clubes, e não dos menores, do nosso futebol. O Felguei-ras é como se tem visto, o Salgueiros nem se fala, e agora é a crise que se vive no Académico de Viseu, pronta a explodir, pois, pode ler-se no Record, "a direcção do clube recusa-se a continuar, a crise financeira agrava-se (...) a situação da SAD continua muito incerta (...) e, se não surgirem candidatos à liderança, o Académico pode fechar as portas". Porque não fazem como o Campomaiorense?

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