Xiaomi entra forte na luta da IA móvel e dos dobráveis
O segundo semestre é, para a Xiaomi - a segunda maior marca de smartphones em Portugal - um importante período pois é, tradicionalmente, quando é apresentada a “linha T”, os modelos de gama média-alta que compõem uma importante parte das vendas do fabricante chinês.
Este ano, no entanto, com o lançamento da série 14T, apresentada esta quinta-feira, a marca foi um pouco mais além: mostrou dois modelos que, pelo menos a julgar pelas especificações, têm potencial para rivalizar com os topos de gama da própria Xiaomi - a um preço um pouco mais reduzido. E foi com eles que optou introduzir as novidades de Inteligência Artificial.
Além disso, foi também nesta altura que o fabricante chinês decidiu trazer para a Europa, Portugal incluído, o modelo dobrável MIX Flip, um smartphone em “concha” que tem a particularidade de poder ser utilizado quase a 100% mesmo estando fechado (ler aqui). Tudo bem demonstrativo da enorme relevância que a Xiaomi dá a este período para o seu negócio.
IA com e sem Google
Os novos smartphones da série 14T são lançados em duas variantes, o “normal” e o Pro, mas em termos de serviços incluídos são idênticos.
Estes passam a ser os primeiros aparelhos, além da Google e da Samsung, a terem disponível a funcionalidade Circundar para Pesquisar, sabre a qual já neste espaço escrevemos várias vezes, resultado de uma nova parceria entre a marca chinesa e a gigante de software norte-americana. Também o Gemini, a IA da Google, estará a partir de dia 6 de outubro disponível nestes smartphones.
Mas não só. A própria Xiaomi investiu em sistemas de Inteligência Artificial que incluiu na série 14T. Existe agora um AI Interpreter, que promete executar tradução simultânea durante reuniões e chamadas telefónicas, e tanto o AI Notes como o AI Recorder (bloco de notas e gravador) passam a fazer transcrição de voz para texto, bem como resumos rápidos. Ainda que em português do Brasil…
Do lado da imagem, a Xiaomi promete melhorias no já anteriormente disponibilizado AI Image Editing, que cria fundos e cenários nas fotos e no AI Eraser Pro, o equivalente à “borracha mágica” da Google, que apaga elementos indesejados das fotos.
Novidade interessante que foi demonstrada na apresentação à imprensa foi o AI Film, um algoritmo capaz de criar vídeos curtos a partir de várias fotos ou outros vídeos num sistema de edição automática para criar reels de Instagram, por exemplo. A testar!
Por fim, a série 14T inaugura ainda a total integração - finalmente - com o Link to Windows, uma funcionalidade da Microsoft que permite aos utilizadores juntar praticamente todas as ações do smartphone com o PC, incluindo fazer chamadas e enviar mensagens pelo computador, bem como fazer a partilha simples de ficheiros.
Parceria com a Leica e aposta em fotos noturnas
Os dois novos telefones prosseguem a parceria da marca chinesa com a casa de fotografia alemã Leica e, naquilo que é mais um passo para o esbater da diferença entre a série T da linha “principal” da Xiaomi, pela primeira vez inclui-se aqui o famoso conjunto de objetivas Summilux.
É nas câmaras que os modelos “normal” e Pro diferem, essencialmente. Este último tem uma câmara tripla com cinco distâncias focais (de 15 mm a 120 mm). A principal, de 50 megapíxeis (MP), com uma grande abertura ƒ/1.6 e o sensor de imagem Light Fusion 900, com um tamanho 1x1.31 polegadas, promete capturar até 32% mais luz do que o seu antecessor.
Aliás, a capacidade de melhor captação noturna é precisamente uma das apostas destes aparelhos, existindo ainda algoritmos especializados para o efeito, criados naquilo que a Xiaomi chama a “plataforma de fotografia computacional IA LM”. Estes “melhoram a gama dinâmica e reduzem o ruído para detalhes ainda mais extraordinários e cores ainda mais vibrantes, mesmo em condições de iluminação desafiantes”, suportando o formato UltraHDR, segundo se pode ler em comunicado da empresa.
Já quanto ao 14T “normal”, vem equipado com o já conhecido sensor de imagem Sony IMX906, por trás do sistema de câmara tripla, capaz de quatro distâncias focais - dos 15 mm a 100 mm. A câmara principal é também de 50 MP, mas com uma abertura ƒ/1.7.
Ambos os telefones, em vídeo, inauguram um modo MasterCinema, que capta imagens em HDR no formato 10-bit Rec. 2020, a 4K a 30fps, cuja demonstração feita aos jornalistas mostrou ser capaz de revelar detalhes de luz e sombra mais próximos da visão humana do que o habitual. Também a testar assim que possível…
MediaTeK chega para as encomendas?
O 14T Pro tem no seu “coração” processadores MediaTek Dimensity 9300+, que os representantes da Xiaomi afirmam-nos terem um desempenho a nível de processamento de algoritmos de IA até ligeiramente superior “ao equivalente da Qualcomm”.
Em comunicado, o fabricante diz que estes chips oferecem “um aumento de 37% no desempenho do CPU multicore. Combinado com a avançada GPU Immortalis-G720, que oferece uma melhoria de 44% no desempenho gráfico, [uma] poderosa combinação que se destaca em aplicações de IA e gaming”. Só experimentando o saberemos.
Já o 14T é “alimentado pelo novo processador de IA MediaTek Dimensity 8300-Ultra [que] oferece um aumento de 20% no desempenho do CPU e uma melhoria de 60% no desempenho da GPU, tornando o multitasking mais suave e eficiente, enquanto prolonga a vida útil da bateria com uma eficiência energética melhorada”, pode ler-se na informação fornecida aos jornalistas.
Ambos os aparelhos têm ecrã AMOLED de 6,67 polegadas, com uma resolução de 2712 x 1220 píxeis e uma densidade de 446 ppi. A taxa de atualização vai até aos 144 Hz e o brilho máximo anunciado é de 4000 nits.
Como já é habitual na marca, as baterias são de 5000 mAh e os telefones são compatíveis com carregamento rápido de 120 W, sendo estes modelos T, pela primeira vez nesta série, capazes de carregamento sem fios (até 67W).
Resta falar nos preços: o Pro começa nos 900 euros, enquanto o “normal” nos 650. Irá esta oferta “canibalizar” as vendas dos modelos de topo da própria marca? Assim de repente, é difícil não perceber como não. Mas o tempo dirá se a aposta em apenas chegar a mais público foi a certa.