Vinil e muito entusiasmo. Áudio de gama alta ganha novo fôlego em Munique
A mais importante feira de áudio perfecionista da Europa foi um êxito de participação e público. E mostrou como a nova vida dos discos de vinil não é uma moda passageira
O sol brilhou todo este fim de semana em Munique e ajudou ao êxito da feira de áudio Munich High End 2016 que, entre os dias 5 e 8 de maio, encheu o edifício do MOC München, a grande sala de exposições desta cidade alemã e uma das maiores da Europa. Milhares de pessoas foram ver (e ouvir) as últimas novidades em tecnologia áudio presentes no evento, numa demonstração de que, pelo menos aparentemente, o mundo da "alta-fidelidade" está bem de saúde. E recomenda-se.
Organizada pela High End Society, a feira - que é uma espécie de Salão Automóvel de Genebra para o mercado áudio de alta gama - conta anualmente com a participação de quase todas as marcas com presença internacional no setor. Segundo a organização, nas várias salas distribuídas pelos quatro pisos da exposição estiveram 95% das marcas de 'high end' existentes no mundo. Isto ainda que tanto Sony como B&W, duas marcas com forte presença no mercado português, tenham optado por não estar presentes.

Milhares de pessoas encheram o MOC München nos quatro dias do Munich High End
© Vasco Gouveia / Absolut Sound & Vision
Ausências que não retiram relevo ao evento que, além de ser ponto de encontro entre fabricantes, comerciantes e público, é também "barómetro" das tendências e da "saúde" do sector. E entre tanta oferta, foi possível retirar duas conclusões.
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Em primeiro lugar, o ressurgimento do vinil como fonte principal de música de alta qualidade não é, de facto, moda passageira. Isto a julgar pelas apostas de muitas das marcas presentes, além das lojas que vendiam, pelo menos aparentemente, mais vinil do que CD.
Na feira, houve "gira discos" de todas as formas e feitios, das soluções tradicionais - a Technics voltou a fabricar pratos - às (aparentemente) mais estranhas: havia mesmo uma sala que demonstrava colunas de corneta a tocar Rammstein em vinil. Este foi sempre, aliás, um dos expositores mais concorridos do evento.

A Technics volta a fazer "gira discos" e deu-lhe todo o destaque em Munique
© Vasco Gouveia / Absolut Sound & Vision
Em segundo lugar, há muito que não se via tanto entusiasmo no mercado de áudio de gama alta - o que parece contraditório com a realidade de um mundo em que o smartphone e os auscultadores são as principais fontes de música da maioria das pessoas, e quase sempre a tocar ficheiros muito comprimidos.
Mostrando que a "gama alta" tem de acompanhar o mercado para sobreviver, não faltaram novas ofertas de amplificação para fontes digitais, de auscultadores e de cabos.
Mas no reino do digital, todo o destaque foi para a demonstração da Arcam com o novo sistema Dolby ATMOS, que utiliza nova tecnologia de processamento de áudio para "posicionar" o som no tempo e no espaço.
Originariamente desenvolvido para o cinema, o ATMOS pode também ser aplicado de forma brilhante na música, como ficou demonstrado numa sala que a Arcam criou em conjunto com a própria Dolby e utilizando colunas QEF. O resultado foi um som "tridimensional" e "preciso" que deixou muita gente com a sensação "pois, isto é o que eu sempre procurei; quero ter um".
Sensação que, no fim de contas, é aquela que todos os participantes gostariam de provocar em cada um de nós.
Texto com a colaboração de Vasco Gouveia, Absolut Sound & Vision, em Munique