Vigília contra o antissemitismo reúne dezenas em Lisboa
Um grupo de cerca de 50 pessoas reuniu-se no Largo São Domingos, na Baixa de Lisboa, por volta das 15:00 deste domingo, para uma vigília contra o antissemitismo. A concentração foi convocada na sequência dos confrontos em Amesterdão na última quinta-feira (7), entre adeptos do emblema israelita Maccabi Tel Aviv e grupos de residentes na cidade neerlandesa. Para os que compareceram na vigília em Lisboa, o ocorrido foi um claro caso de antissemitismo por parte dos grupos locais.
"Vejo o que ocorreu em Amsterdão como uma caça aos judeus, basta ver as imagens nas redes sociais e na televisão para perceber que foi algo orquestrado. Aconteceu no âmbito de um jogo de futebol, mas poderia ter ocorrido em qualquer outra situação que fosse social ou política e envolvesse a comunidade judaica", afirmou Isaac Assor, membro da Comunidade Israelita de Lisboa.
Não só membros da comunidade judaica em Portugal estiveram presentes na vigília. Ligia Martins, por exemplo, é cristã, e esteve na concentração, realizada ao redor do Memorial às Vítimas Judias, para se mostrar solidária com o povo judeu e Israel.
"Como cristã, tenho a obrigação de ser apoiante de Israel, afinal, se me digo cristã, a pessoa que mais amo é Jesus Cristo, que é decendente de judeu: tenho que os defender e os amar. E não faço isso por obrigação, mas sim porque amo Israel, amo o povo judeu e por isso estou aqui", disse Martins, que revelou já ter estado em Israel em quatro oportunidades diferentes.
A vigília foi organizada pela jornalista Helena Ferro de Gouveia, que viveu na Alemanha por duas décadas, onde conta ter aproximado a sua relação com a história do Estado de Israel. Gouveia afirmou que a concentração foi realizada como um ato de solidariedade com o que diz ser uma ofensiva antissemita sofrida pelo povo judeu, distanciando-se de um discurso de apoio às políticas do Primeiro Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
"Isso não é um ato político, até porque tenho muitas discordâncias com o atual Governo Israelita. Mas é um ato humanitário, estamos aqui em solidariedade com a comunidade judaica em Portugal e em todo mundo", declarou.
Apesar de a manifestação não ter tido bandeiras partidárias, o deputado Pedro Frazão (Chega) foi uma das caras a participarem na iniciativa. Frazão posou para fotos com o Embaixador de Israel em Portugal, Oren Rosemblat, e declarou ao DN que esteve na manifestação "à paisana", apenas para se representar a ele próprio.
"Vim prestar minha solidariedade à comunidade israelita portuguesa e a minha preocupação por tudo aquilo que se está a passar na Europa: hoje em dia o discurso de ódio está muito fixado numa certa extrema-esquerda anti-israelita, antissemita e que deve preocupar a Europa", sublinhou o deputado, que viu o episódio em Amesterdão como um caso de "perseguição".
No final da concentração, que durou cerca de 40 minutos, e já com a presença de Oren Rosemblat, que chegou no final da concentração, os presentes entoaram os hinos de Portugal e de Israel.
Foto de Leonardo Negrão.
Ao redor de bandeiras dos dois países, um cartaz com os dizeres "nunca mais" e velas que formavam um coração amarelo no chão, Rosemblat agradeceu a presença de todos, declarando que "há um soldado em cada um que apoia os judeus e Israel".
"Somos diferentes dos judeus frágeis de Lisboa do século XVI. Vamos combater essa doença [antissemitismo] onde quer que ela se manifeste: no mundo, na Europa e em Portugal", finalizou o embaixador, antes de deixar sob uma salva de palmas as imediações da vigília, que decorreu de forma pacífica.