A presidente da Comissão de Mulheres da UGT aponta que são precisas políticas "mais eficazes" para combater desigualdades salariais e defende a implementação de licenças parentais com "períodos iguais e obrigatórios" para homens e mulheres.."Precisamos de políticas mais eficazes para que haja mais equidade" entre homens e mulheres, afirma Cristina Trony, em declarações à agência Lusa, a propósito do Dia Nacional da Igualdade Salarial, que se assinala hoje, notando que, apesar de terem existido alguns avanços, "não tem havido grandes melhorias e as desigualdades permanecem".."O que temos assistido é que as mulheres ganham menos e quando vão para a reforma a situação perpetua-se. É um ciclo vicioso", aponta a presidente da Comissão de Mulheres da UGT..Os dados mais recentes da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE), referentes a 2022, indicam diferença salarial entre mulheres e homens foi de 13,2%, ou seja, "as mulheres ganharam menos 160 euros do que os homens"..Já considerando os prémios e subsídios regulares "essa diferença aumentou para 16%, ou seja, menos 235 euros por mês"..O fosso salarial entre homens e mulheres não acontece apenas em vida ativa, mas também na aposentação. Uma análise que consta do Livre Verde sobre a Sustentabilidade do Sistema Previdencial, que está em consulta pública, revela que as pensões dos homens correspondem, em média, nos quatro anos analisados a 73,5% dos últimos salários enquanto nas mulheres essa taxa cai para 58,1%, o que se traduz numa diferença de 15 pontos percentuais..Apesar de existir uma lei que promove a igualdade salarial entre homens e mulheres, "há sempre formas de contornar a lei", sublinhando que a situação é mais notária "nos cargos de liderança e de topo" em que existe uma "sub-representação muito grande", bem como "nas chefias intermédias" em que a desigualdade não se centra tanto "no salário, mas nos complementos dados", nomeadamente "isenções horárias, cartões ou até na atribuição do automóvel", assinala a presidente da Comissão de Mulheres da UGT..Por isso, a central sindical considera ser necessário avançar com medidas que "proporcionem uma maior conciliação entre a vida profissional e pessoal", defendendo, nomeadamente a implementação de licenças parentais "com "períodos iguais e obrigatórios" para homens e mulheres".."Enquanto não houver um licença com períodos iguais e obrigatórios [para homens e mulheres] vai continuar a haver desigualdades", assinala Cristina Trony, notando que, caso contrário, vão continuar a existir "muitos homens com receio de a usar para não serem prejudicados".."Quando for obrigatório as empresas vão perceber que tanto faz contratar um homem ou uma mulher", resume..A presidente da Comissão de Mulheres da UGT dá o exemplo do setor da banca, onde a desigualdade se acentua nos lugares de topo e nas chefias intermédias e onde "as mulheres são penalizadas nos prémios trimestrais e na partilha de lucro por causa das licenças parentais"..Em setembro, foi aprovado na generalidade, no parlamento, o alargamento da licença parental inicial, que pressupõe o pagamento do respetivo subsídio, de 120 ou 150 dias (o equivalente de quatro para seis meses) para 180 ou 210 dias (o equivalente de cinco para sete dias)..A presidente da Comissão de Mulheres da UGT alerta ainda para a "importância das mudanças culturais", defendendo que é preciso haver "uma sensibilização nas escolas" sobre esta matéria.