Transportes Metropolitanos de Lisboa prometem “cabal esclarecimento” sobre queixa de racismo
A Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML) compromete-se com o “cabal esclarecimento” do episódio relatado por uma vereadora da autarquia de Cascais, que vai apresentar queixa por racismo contra um motorista de autocarro, e instou a transportadora a tomar “providências”.
Em resposta escrita à Lusa, a TML, entidade na qual a Área Metropolitana de Lisboa delega competências nos domínios da mobilidade e dos transportes, esclarece que o caso envolveu um trabalhador da Viação Alvorada, entidade prestadora de serviços à Carris Metropolitana.
Em causa está a publicação feita no domingo pela vereadora de Saúde, Assuntos Sociais e Direitos Humanos da Câmara Municipal de Cascais, Carla Nunes Semedo, na rede social Instagram, onde relata que a sua filha de 17 anos foi alvo de comentários racistas por parte de um motorista de autocarro.
A jovem, negra, terá ouvido do motorista que “não transportava animais”.
Na publicação, Carla Nunes Semedo divulgou uma fotografia com a filha, denunciando que esta “foi vítima de um ataque racista” e prometendo que não permitirá “que o preconceito se sente ao volante do que é público”.
A vereadora e psicopedagoga escreveu: “O condutor de autocarro achou por bem dizer-lhe que não transportava animais. Sim, em 2025. Em Portugal. Em Cascais.”
Em mensagens escritas trocadas esta segunda-feira com a Lusa, a vereadora referiu que o episódio ocorreu na sexta-feira, pelas 22:30, numa paragem de Carcavelos.
A TML diz que só esta segunda-feira tomou “conhecimento da denúncia” e que solicitou, “de imediato, o apuramento dos factos, a investigação sobre o sucedido e o cabal esclarecimento da ocorrência”, ao mesmo tempo que instou a Viação Alvorada “a tomar as devidas providências que o caso exige”.
Nos esclarecimentos enviados à Lusa, a TML e a Carris Metropolitana (que assegura o serviço de transporte público rodoviário da Área Metropolitana de Lisboa) repudiam “veementemente qualquer forma de discriminação racial dirigida aos seus passageiros e reafirmam o seu compromisso com a promoção da igualdade, do respeito e da inclusão de todos”.
A TML recorda que “os motoristas ao serviço da Carris Metropolitana são trabalhadores dos operadores responsáveis pela prestação do serviço de transporte rodoviário”, no caso a Viação Alvorada, sublinhando, porém, que “atua em articulação com o operador”, e, “sempre que necessário”, intervém em situações que envolvam os seus profissionais, exigindo “medidas que considere apropriadas perante casos de caráter urgente”.
A vereadora Carla Nunes Semedo já comunicou que vai formalizar a queixa por escrito: “É duro escrever isto. Mas é mais duro calar. A quem ainda alimenta discursos racistas, com palavras ou com silêncios cúmplices, deixo um recado claro: nós já não somos os mesmos. Não somos mais aqueles que, por respeito ou medo, engoliam em seco o ódio disfarçado de ‘opinião’. Não somos mais os que aceitavam ofensas em nome da paz social.”