Os trabalhadores de operação, comando, controlo, informação, gestão de circulação e conservação ferroviária estarão em greve na Infraestruturas de Portugal (IP) a 02 e 04 de janeiro, dias em que se poderão ocorrer perturbações na circulação de comboios..Em declarações à Lusa, Adriano Filipe, presidente da Aprofer - Associação Sindical dos Profissionais do Comando e Controlo Ferroviário, explicou que a paralisação, que deverá continuar no dia 10 de janeiro caso não se iniciem negociações, está relacionada com as condições de trabalho e vencimentos da profissão, que considera exigente e complexa.."Os motivos desta greve são os mesmos" da paralisação que tinha sido convocada para setembro de 2022, lembrou, indicando que a IP se tinha comprometido, nessa altura, a negociar um acordo, mas que isso não aconteceu, apesar de terem remetido um documento ao grupo.."Teoricamente, desde maio até setembro, seria o tempo de negociar", disse, salientando que isso "nunca aconteceu".."O acordo seria fechar as negociações e compromisso de paz social até 31 de dezembro de 2023, mas face ao incumprimento por parte da IP, resolvemos decretar greve a partir do início de janeiro e será uma greve que, até que haja um acordo ou uma mudança de posição, irá continuar", destacou..Estes trabalhadores, distribuídos essencialmente por centros de comando operacionais (CCO), que controlam todo a operação ferroviária a nível nacional, exigem a regularização da sua profissão.."Há 17 anos que novos postos de trabalho carecem de uma regularização do funcionamento e, portanto, nós trabalhamos nos moldes ainda da antiga CP", indicou, salientando que o trabalho é "num posto altamente tecnológico, que concentra a circulação e manutenção toda do país inteiro".."O que nós pedimos é uma diferença de remuneração em relação àquilo que se paga nas estações", indicou, salientando que estes cerca de 300 trabalhadores têm "o mesmo escalão remuneratório dos trabalhadores das estações".."Só que o trabalhador está numa estação tem uma responsabilidade muito local. Nós temos a uma responsabilidade nacional", apontou, indicando que "o grau de concentração" é muito elevado, com os trabalhadores a terem de gerir manobras, circulação, acidentes, avarias, entre outras tarefas..O presidente da Aprofer criticou ainda as condições em que vários trabalhadores foram deslocalizados das suas casas, por exemplo, para o CCO de Lisboa, sem nenhum apoio monetário.."Foi tudo à nossa conta, nem nos compensaram", lamentou.."Tenho pessoas a trabalharem em Braço de Prata [Lisboa], quatro trabalhadores, por exemplo, que vieram da Beira Alta, todos eles com cerca de 60 anos, maior parte deles já são avós e vivem num apartamento pago à conta deles", denunciou..Contactada pela Lusa, a IP alertou que, no seguimento do aviso prévio de greve apresentado pela Aprofer, "para o período compreendido entre as 00:00 e as 24h00 do dia 02 de janeiro e o período compreendido entre as 00:00 e as 24:00 do dia 04 de janeiro" poderão "registar-se perturbações na circulação ferroviária"..A greve conta com serviços mínimos, no entanto, indicando a IP que, nos termos definidos pelo Tribunal Arbitral, "garantirá a abertura de 25% do seu canal ferroviário para o serviço Urbanos -- Lisboa e Porto e de 30% para as circulações de Longo Curso e Regionais no dia 02 de janeiro".."No dia 04 de janeiro será assegurada a abertura de 30% do canal ferroviário para o serviço Urbanos -- Lisboa e Porto e de 25% para as circulações de Longo Curso e Regionais", adiantou.