Suspeito de rapto de menina de 13 anos tinha vários perfis falsos no Facebook
Surgia no Facebook com vários perfis diferentes e na maioria das vezes falsos, mas chegava a usar a sua foto real. Sempre como se fosse uma pessoa normal que estabelecia contacto para amizade. O objetivo era outro: seduzir e atrair menores como foi o caso de Mariana, a menina de 13 anos que foi resgatada pela Polícia Judiciária de Braga numa casa em Vagos, após ter desaparecido em Ponte de Lima.
A menor foi ao encontro do suspeito de 24 anos, que não tem ocupação conhecida, e foi quando descobriu que a pessoa que conheceu no Facebook não era a mesma. Mas ali viveu desde o dia 3 até ontem. Um caso, disse ao DN Gil Carvalho, coordenador da PJ de Braga, que serve de alerta para os perigos das redes sociais: "Este indivíduo vivia na net, era um predador sexual."
A PJ garante que na quinta-feira à noite, por via da sua investigação, que envolveu a localização por georreferenciação de telemóveis, detetou o local onde a menor poderia estar. Numa casa semiabandonada em Vigia, concelho de Vagos, distrito de Aveiro. Quando chegaram ontem de manhã à habitação, propriedade de familiares do suspeito, Mariana saiu e foi ao encontro dos inspetores. Disse que estava sozinha e que não havia ninguém na casa. Os elementos da PJ não acreditaram e foram encontrar o suspeito no interior. Não houve resistência nem a menor apresentava sinais de violência física.
Pelo local já andava a família de Mariana Leirinha. Houve troca de mensagens no Facebook durante os dias em que esteve desaparecida, confirmou o DN, o que levou familiares e amigos a rumar à zona de Vagos, sem o conhecimento da PJ. Esta situação podia ter gerado perigo para a menor caso o homem agora detido se tivesse apercebido.
"Ele é uma pessoa com grande poder de persuasão que vivia na internet. Usava perfis falsos, com fotos de rapazes bonitos e também a dele próprio. A maioria no Facebook, mas também utilizaria outras redes. Há meia dúzia de situações em que estava a ser investigado, após denúncias. E poderá haver outras. Também podemos indiciá-lo por crimes contra o património", explicou o coordenador do Departamento de Investigação Criminal da PJ de Braga, que diz não saber se o suspeito tinha cadastro. Será indiciado por rapto agravado.
"Neste caso é uma menor de 13 anos, uma criança. Nunca pode dar consentimento, uma criança não tem essa capacidade. Foi aliciada para um encontro e pode estar manietada de várias maneiras, até em termos psicológicos e emocionais", disse Gil Carvalho, acrescentando que eventual crime de abuso sexual está em investigação.
A atenção dos pais
Para o investigador criminal, o importante é alertar as pessoas: "O acesso à internet deve ser vigiado pelos pais, é importante que se perceba que as crianças podem ser seduzidas no Facebook."
Tito de Morais, fundador do projeto MiudosSegurosNa.Net, tem alertado para os riscos que a internet oferece aos menores. "Os pais têm de se esforçar por não se limitar a ser pais offline, têm de ser pais também online. Mesmo que não se sintam à vontade com as tecnologias, têm de se esforçar por aprender, e hoje há ações de sensibilização e formação nas escolas, nas bibliotecas, nos espaços de internet, juntas de freguesia", disse ao DN.
Para estas tarefas parentais, Tito de Morais afirma que "a tecnologia oferece hoje soluções: "Há inúmeros programas e aplicações de controlo parental e de monitorização da utilização, algumas até gratuitas, que permitem o acompanhamento em diversos dispositivos, quer em computadores, quer em smartphones e tablets."
Conclui que "o perigo não está nas redes sociais em si, mas na forma como algumas pessoas as usam."