Sul da Península Ibérica pode transformar-se num deserto até 2100 

Ficará Lisboa no meio do deserto até à viragem do século? Alguns especialistas acreditam que cenário é possível
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O cenário é avançado por investigadores que estudam e modelam cenários com base nos aumentos de temperatura projetados para os próximos anos: a capital portuguesa e cidades como Sevilha e Évora podem ficar no meio do deserto até 2100.

Se o aquecimento global continuar ao ritmo atual, o avanço das zonas desérticas não se vai limitar ao Norte de África, vai continuar pelo Sul da Península Ibérica, diz um estudo publicado na última edição da Science.

O estudo liderado pelo paleoclimatologista francês Joel Guiot concluiu que em menos de um século, sem medidas de mitigação ambiciosas, as alterações climáticas vão alterar os ecossistemas no Mediterrâneo "de uma forma que não tem precedentes nos últimos 10 milénios", no período conhecido no Holocénico.

"Os cenários de emissão de gases de efeito de estufa aos níveis acordados antes do Acordo de Paris vão provavelmente levar a uma expansão substancial dos desertos em grande parte da Europa do Sul e Norte de África", escrevem os autores no artigo publicado na Science.

A análise combina um modelo climático com um modelo para a reação da vegetação ao aumento das temperaturas, mudanças na quantidade de precipitação e concentração de gases de efeito de estufa na atmosfera.

No pior cenário descrito pelos investigadores, o Sul da Península transforma-se "num deserto", com consequências no tipo de vegetação em todo o território - a vegetação mediterrânica irá substituir "a floresta de folha de caduca em grandes áreas da bacia mediterrânica".

Só os valores acordados em Paris, que limitam o aquecimento a 1,5 graus, segundo o estudo, permitem que as alterações nos ecossistemas se mantenham dentro do que aconteceu nos últimos 10 mil anos.

A análise não inclui outro impactos, nomeadamente a urbanização e degradação dos solos, mas os autores lembram que a maior parte destes processos que contribuem para reduzir a vegetação agrava a evolução no sentido da desertificação.

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