Só 50 entre 600 polícias das messes irão para a patrulha
Dos 600 agentes da PSP e militares da GNR que a ministra da Administração Interna quer retirar das messes (ou cantinas) para o serviço operacional, pouco mais de meia centena estão com a idade e as condições físicas para ainda poderem ir para as ruas, garantiram ao DN os dirigentes das duas principais associações das duas forças de segurança. A esmagadora maioria estão com mais de 50 anos, o que é do conhecimento do próprio MAI. Na prática, não serão mais 600 polícias nas ruas até ao fim de abril, como foi anunciado, mas mais 50 a 60, no máximo. "Na GNR devemos ter, quando muito, 50 militares nas messes com idade operacional", referiu César Nogueira, presidente da Associação de Profissionais da Guarda (APG/GNR). Na PSP serão ainda menos os agentes entre os 30 e os 40 anos que poderão ir das cantinas da polícia para as ruas. "Não haverá mais de meia dúzia de elementos dessa idade", adiantou Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP/PSP).
O Ministério da Administração Interna já tem o levantamento feito, de quantos irão das messes para os serviços administrativos e operacionais mas "são informações que ainda não podem ser divulgadas", justificou fonte do gabin ete da ministra Constança Urbano de Sousa.
A 5 de dezembro, a ministra da Administração Interna disse o seguinte, sobre o plano: "Prevemos libertar cerca de 600 polícias para o trabalho operacional. Naturalmente, haverá muitos polícias que não vão diretamente das messes para a rua, pela sua idade, mas irão ocupar outro tipo de funções libertando por sua vez indiretamente polícias mais jovens para a rua" .
O processo de abertura de concursos para a concessão de refeitórios e bares ou a contratação de prestação de serviços já teve início.
Segundo dados avançados pelo MAI ao DN, existem 71 messes na GNR e 57 na PSP, num total de 128 cantinas policiais. A mesma fonte explicou que o plano já traçado implica transferir os elementos policiais com 50 anos ou mais das cantinas para as esquadras para fazerem trabalho de secretaria. Substituirão alguns mais novos que fazem esses serviços e que passarão a ir para a parte operacional. Quanto à minoria de agentes e militares mais novos que estão nas messes, vão receber formação para ir para o serviço operacional. Será uma formação de reciclagem de conhecimentos, sobre inserção de dados estatísticos nas bases de dados (denúncias de crimes, acidentes, etc); informação atualizada sobre a lei das armas e como utilizar uma arma numa perseguição a suspeitos; informação atualizada sobre o Código da Estrada, entre outros aspetos. Na PSP, explicou Paulo Rodrigues, alguns dos serviços administrativos estão ocupados por agentes licenciados. Nas esquadras, os polícias que fazem secretariado são os responsáveis por fazer as escalas de serviço e tratar o expediente de queixas recebidas pelos colegas.
Messes de oficiais acabam
A ministra Constança Urbano de Sousa pretende também reduzir o número de messes, no plano de externalização que já está em marcha. Consequências práticas: as messes separadas, de oficiais e de agentes - ou, no caso da GNR, de oficiais, sargentos e guardas - vão acabar. Segundo fonte do gabinete da ministra, vai haver uma reorganização geográfica que permitirá agrupar duas cantinas numa, por exemplo, em casos em que estejam situadas numa distância de dez quilómetros. César Nogueira, da APG, duvida que as messes de oficiais venham a acabar na Guarda.