Sismo sentido em Lisboa na mesma zona dos grandes abalos de 1531 e 1909
Especialista diz que as autoridades não consideram que haja qualquer alteração na atividade sísmica desta área e que o sismo desta quinta-feira é considerado "normal para esta zona".
O sismo sentido esta quinta-feira na região de Lisboa, considerado pequeno pelas autoridades, ocorreu numa zona sismicamente ativa do vale inferior do Tejo que foi responsável por alguns sismos históricos como os de 1531 e o de Benavente, em 1909.
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Em declarações à agência Lusa, o chefe de divisão de geofísica do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Fernando Carrilho, disse que o sismo, de magnitude 3,4 na escala de Richter e que teve uma intensidade estimada de IV (na escala Mercalli modificada), ocorreu numa zona que "tem historial de geração de sismos de magnitudes razoavelmente superiores" à verifica no abalo de hoje.
"Estamos a falar de um [sismo] 3,4. À partida é um sismo pequeno, mas como ocorre muito próximo de zonas densamente habitadas acaba por ser percecionado pelas pessoas", explicou.
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Questionado pela Lusa, Fernando Carrilho disse que as autoridades não consideram que haja qualquer alteração na atividade sísmica desta área e que o sismo desta quinta-feira é considerado "normal para esta zona".
"Houve outros sismos recentes que também tiveram este efeito, nomeadamente um a sudoeste de Oeiras, não há muito tempo", disse o responsável, acrescentando: "Acabam por ser bastante sentidos por serem sismos que ocorrem muito próximo das zonas habitadas".
O sismo de hoje ocorreu na mesma zona de um dos maiores sismo que atingiu Lisboa, em 1531, e do chamado sismo de Benavente (1909).
Segundo o IPMA, o abalo, com uma magnitude de 3,4 e uma intensidade IV, foi registado pelas 09:51 e teve o epicentro a oito quilómetros a este de Loures e a 15 quilómetros de profundidade.
Contactado pela Lusa, o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Lisboa indicou, pouco depois das 10:00, não ter registo de ocorrências associadas a este sismo.
O sismo de 1531, na Região de Lisboa e Vale do Tejo, ocorreu entre as 04:00 e as 06:00 do dia 26 de janeiro.
Foi particularmente violento e destrutivo em toda esta região, nomeadamente em Lisboa, Santarém, Almeirim, Azambuja e Vila Franca de Xira, embora tenha sido também sentido noutras regiões do país, nomeadamente em Setúbal, na região oeste e em certas zonas do Alentejo e da Beira Litoral.
O sismo de Benavente ocorreu a 23 de abril de 1909, destruiu quase por completo os aglomerados de Benavente, Samora Correia e Santo Estêvão e teve magnitude de 6,0 graus na escala de Richter e uma intensidade máxima estimada de X na zona de Benavente e de Samora Correia. O campo macrosismico foi particularmente extenso tendo havido efeitos materiais (intenside de VI ou superior) em Lisboa, Setúbal e Évora, de acordo com informação do IPMA.
Os sismos são classificados segundo a sua magnitude como micro (menos de 2,0), muito pequeno (2,0-2,9), pequeno (3,0-3,9), ligeiro (4,0-4,9), moderado (5,0-5,9), forte (6,0-6,9), grande (7,0-7,9), importante (8,0-8,9), excecional (9,0-9,9) e extremo (superior a 10).
De acordo com o IPMA, a escala de Marcalli modificada, que contempla XII níveis, classifica com a intensidade IV um sismo moderado. A este nível, os objetos suspensos podem baloiçar, a vibração é semelhante à provocada pela passagem de veículos pesados ou à sensação de pancada duma bola pesada nas paredes. Os carros estacionados podem igualmente balançar, a janelas, portas e loiças tremer e pode acontecer que vidros e loiças choquem ou tilintem. Na parte superior deste grau as paredes e as estruturas de madeira rangem.