Enfermeiros sublinham oportunidade para Pizarro corrigir erro histórico nas carreiras

Bastonária da Ordem dos Enfermeiros diz que nomeação de Manuel Pizarro para ministro da Saúde não traz qualquer expectativa aos enfermeiros.

A nomeação de Manuel Pizarro para ministro da Saúde não traz qualquer expectativa aos enfermeiros, que não esquecem que foi responsável pelo fim da carreira pela qual agora lutam, defendendo que tem uma "oportunidade de corrigir esse erro histórico".

"Há dois mandatos que estamos na Ordem [dos Enfermeiros], desde 2016, e isso significa que estamos a assistir à nomeação do terceiro ministro. E tivemos sempre muitas expectativas nas outras situações, positivas, e neste momento não achamos nada. Queremos saber e ver o que quererá fazer o novo ministro da Saúde. Estamos um bocadinho 'ver para crer' em relação ao SNS, àquilo que são as questões dos enfermeiros e das condições de trabalho e carreira dos enfermeiros", disse à Lusa a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco.

Ainda que sem expectativas para o mandato, os enfermeiros afirmam que Manuel Pizarro foi responsável, enquanto secretário de Estado Adjunto e da Saúde no Governo socialista de José Sócrates, pelo fim da carreira com as condições pelas quais os enfermeiros agora lutam, como a valorização dos graus académicos e títulos profissionais, progressão e idade de reforma mais baixa, entre outros aspetos.

"Este é o único ponto em que achamos que o senhor ministro terá aqui uma oportunidade de corrigir esse erro histórico e temos sempre oportunidade de voltar atrás. Em relação ao resto, a Ordem dos Enfermeiros vai continuar a colaborar, como sempre fez, e a dialogar com toda a gente e, portanto, estamos cá, disponíveis, para ouvir e para trabalhar em conjunto", disse à Lusa Ana Rita Cavaco.

Sindicato espera aposta de Pizarro na contratação de enfermeiros para o SNS

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) expressou esta sexta-feira a expectativa de que a nomeação do eurodeputado Manuel Pizarro para ministro da Saúde represente uma aposta na contratação de mais profissionais para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

"No que diz respeito aos enfermeiros, há uma carência estrutural de enfermeiros em Portugal, que, aliás, o agora ministro da Saúde, Manuel Pizarro, já tinha conhecimento quando foi secretário de Estado da Saúde. Portanto, não é novidade e espera-se, por isso, que possa desenvolver um plano de contratação de profissionais em função daquilo que são as necessidades das instituições", afirmou a coordenadora do SEP, Guadalupe Simões.

Em declarações à Lusa, a dirigente sindical considerou que a escolha do eurodeputado socialista para suceder a Marta Temido representa "uma decisão política do primeiro-ministro", mas vincou que o foco do SEP está nas políticas e não nos nomes. Consequentemente, apontou os "vários desafios para solucionar" no SNS e a vontade de ver cumprida a Lei de Bases da Saúde.

"O SNS é o pilar da oferta de cuidados de saúde em Portugal e pode, temporariamente e supletivamente, recorrer ao setor social e ao setor privado. Está confrontado com problemas de carência de profissionais de saúde dos vários setores e, principalmente, com a dificuldade em reter os profissionais do SNS. O que se exige é o início de negociações de valorização das carreiras, por forma a garantir a retenção desses profissionais", afirmou.

A terminar, Guadalupe Simões disse esperar que o processo negocial em curso com o Ministério da Saúde cumpra o calendário definido e, apesar de desejar "o melhor trabalho para o futuro ministro, deixou um aviso.

"Sabemos o que exigimos e o que exigimos é a defesa do SNS. Cá estaremos para continuar a defender o SNS, caso as políticas do Governo prosseguidas pelo futuro ministro não se coadunem com aquilo que nós entendemos que deve ser a defesa do SNS e a defesa daquilo que está inscrito na Lei de Bases da Saúde".

Guadalupe Simões apelou para que "exista disponibilidade para sentar à mesa os parceiros no sentido de encontrar as melhores soluções".

O primeiro-ministro, António Costa, propôs esta sexta-feira ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a nomeação do eurodeputado socialista Manuel Pizarro para o cargo de ministro da Saúde, em substituição de Marta Temido.

"Na sequência da proposta do primeiro-ministro, o Presidente da República conferirá posse sábado ao novo ministro da Saúde, Manuel Francisco Pizarro de Sampaio e Castro, pelas 18:00, no Palácio de Belém", lê-se na nota oficial publicada na página oficial da Presidência da República.

Manuel Pizarro, médico, especialista em medicina interna, foi secretário de Estado da Saúde nos dois executivos liderados por José Sócrates, entre 2008 e 2011.

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