São os balcões do IRN pelo país que recebem os milhares de pedidos de nacionalidade por ano.
São os balcões do IRN pelo país que recebem os milhares de pedidos de nacionalidade por ano.Foto: Paulo Spranger

Sindicato de trabalhadores do IRN concorda com restrições para aceder à nacionalidade. Há 700 mil pedidos

A autêntica “corrida” às Conservatórias está a exercer uma pressão insustentável sobre serviços, alerta o Sindicato dos Trabalhadores dos Registos e do Notariado (STRN).
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Com 700 mil pedidos de nacionalidade pendentes de análise, o Sindicato dos Trabalhadores dos Registos e do Notariado (STRN) "saúda positivamente" algumas das alterações à Lei da Nacionalidade propostas pelo Governo. São os balcões do IRN pelo país que recebem os milhares de pedidos de nacionalidade por ano, além do portal online, o qual somente advogados podem aceder.

Em nota enviada às redações, o sindicato afirma que, desde o anúncio de possíveis mudanças na lei, há um "aumento acentuado de novos pedidos, apresentados por quem procura ainda beneficiar do regime legal em vigor" e que existe uma "autêntica corrida às Conservatórias" para submissão dos pedidos de nacionalidade.

Para o STRN, esta situação "está a exercer uma pressão insustentável sobre serviços que já se encontravam em situação de rutura". De acordo com a entidade, o aumento da submissão de pedidos ocorre em todos os meios.

"Este crescimento tem-se verificado tanto nas submissões online — realizadas por advogados e solicitadores — como presencialmente, nos diversos postos de atendimento: Conservatória dos Registos Centrais, Arquivo Central do Porto e restantes Conservatórias do Registo Civil em todo o território nacional". O sindicato estima que existe uma carência de recursos humanos estimada em 40%.

Mudanças na lei

De acordo com o sindicato, "várias dessas mudanças vão ao encontro de propostas que o STRN tem vindo a apresentar ao longo do tempo", destaca nota da entidade sindical. Apesar desta concordância, há outras preocupações, nomeadamente a perda nacionalidade em casos de crimes graves.

"O STRN manifesta preocupação quanto à possível existência de inconstitucionalidade", destaca. O sindicato ressalta que "importa analisar com o devido rigor e ponderação".

A representação dos trabalhadores do IRN ainda sugere mais uma mudança na lei, nomeadamente reduzir "de três para um ano o limiar da pena de prisão que impede a concessão da nacionalidade, por naturalização". A lei atual exige, como condição para a concessão da nacionalidade portuguesa que o requerente "não tenha sido condenado, com trânsito em julgado, por crime punível com pena de prisão de máximo igual ou superior a três anos".

O objetivo da sugestão proposta é "harmonizar esta legislação" com a Lei dos Estrangeiros. "Não nos parece coerente que uma condenação penal por crime punível com pena superior a um ano constitua obstáculo à concessão de visto de residência, mas não o seja para o acesso à nacionalidade portuguesa”, explica o presidente do STRN, Arménio Maximino, citado no comunicado.

O STRN "defende firmemente" esta posição, para "reforçar a segurança nacional e garantir coerência legislativa entre a Lei da Nacionalidade e o regime aplicável a cidadãos estrangeiros que pretendem residir em Portugal".

amanda.lima@dn.pt

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