Casos disparam para os 1350. R(t) e incidência voltam a subir

De acordo com o boletim diário da Direção-Geral da Saúde foram registados seis mortos. Há quase quatro meses que não havia tantas infeções. 68,7% dos novos casos foram em Lisboa e Vale do Tejo.
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Portugal registou, nas últimas 24 horas, 1350 novos casos de covid-19, segundo os dados do boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS). O relatório diário desta quarta-feira (16 de junho) refere também que morreram mais seis pessoas devido à infeção pelo novo coronavírus.

O número de novos casos supera pela primeira vez desde 6 de março a casa dos milhares, sendo que este é o dia com mais infeções diárias desde 24 de fevereiro, dia em que foram atingidos os 1480.

68,7% dos novos casos em Portugal foram registados em Lisboa e Vale do Tejo, que totalizou 928 novos casos. Aliás, foi ainda nesta região que se verificaram os seis mortos declarados com a doença no país.

A região Norte apresenta 199 novos casos diários, sendo que 90 foram registados no Algarve, 85 no Centro, 30 no Alentejo, 16 nos Açores e 2 na Madeira.

Os dados indicam que há agora 351 pessoas com covid-19 hospitalizadas (mais cinco que ontem), sendo que 83 estão em unidades de cuidados intensivos (mais quatro).

Em clara subida está também o R(t) que subiu 0,03, tendo passado para 1,13 no continente e para 1,12 em todo o território. A incidência também disparou, passando de 84,5 para os 91 casos por 100 mil habitantes em todo o território, enquanto no continentes subiu de 83,4 para as 90,5 novas infeções por 100 mil habitantes.

A zona de Lisboa continua a suscitar preocupação por parte das autoridades de saúde devido ao aumento de novos casos de contágio por SARS-CoV-2. Ao DN, o professor Carlos Antunes, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, diz que a estratégia de testagem já não está a funcionar e que já há sinais de que se está a perder o controlo da situação.

Questionado sobre se Lisboa está a ser o motor para uma quarta onda pandémica, Carlos Antunes, que integra a equipa que desde o início da pandemia faz a modelação da evolução da doença, é perentório: "Na prática já estamos numa quarta onda pandémica, porque a fase que estamos a viver já está com uma amplitude e um comprimento semelhante à onda de março do ano passado, que se estendeu até maio."

Para o pneumologista Carlos Robalo Cordeiro, do gabinete de crise da Ordem dos Médicos, os dados vindos da região de Lisboa são preocupantes. Aliás, reforça, na capital "há fatores que formam um verdadeiro cocktail explosivo e se o contágio continuar a aumentar da forma como está agora, contamina-se o país todo".

No combate à pandemia, a testagem tem sido uma das estratégias das autoridades de saúde para travar a disseminação da infeção por SARS-CoV-2, pelo que se está a fazer um reforço no rastreio.

De acordo com a atualização de uma norma da Direção-Geral da Saúde, os testes à covid-19 passam a ser recomendados em eventos familiares com mais de dez pessoas, como casamentos e batizados. A DGS quer também testes em eventos culturais e desportivos, serviços públicos e empresas, um reforço no rastreio "como medida de controlo da transmissão comunitária".

A norma, referente à Estratégia Nacional de Testes para a SARS-CoV-2, atualizada na terça-feira pela DGS, recomenda "a realização de rastreios laboratoriais em eventos familiares, designadamente casamentos e batizados, bem como quaisquer outras celebrações similares, com reunião de pessoas fora do agregado familiar, aos profissionais e participantes sempre que o número de participantes seja superior a dez".

Também em eventos de natureza cultural ou desportiva, a testagem é recomendada "sempre que o número de participantes/espectadores seja superior a mil, em ambiente aberto, ou superior a 500, em ambiente fechado".

em contexto laboral, nos locais de maior risco de transmissão, como as explorações agrícolas e o setor da construção, aconselha-se a testagem com uma periodicidade de 14/14 dias, pode ler-se na norma da DGS.

Esta recomendação é igualmente aplicada em serviços públicos e locais de trabalho com 150 ou mais trabalhadores, independentemente do seu vínculo laboral, da modalidade ou da natureza da relação jurídica, adianta ainda.

Já depois de ser conhecida a norma da DGS, que reforça a testagem, o secretário de Estado Adjunto da Saúde, António Lacerda Sales, esclareceu que quem organiza eventos tem o "dever" de promover os testes de despiste à covid-19 e de impedir a entrada a quem não for testado.

"É um dever de quem organiza promover também essas testagens", afirmou o governante. "As principais entidades fiscalizadoras são os próprios promotores", disse ainda Lacerda Sales.

A nível mundial, a pandemia já é responsável por 3 824 885 mortes desde que a infeção pelo novo coronavírus foi detetada em dezembro de 2019 na cidade chinesa de Wuhan, de acordo com o balanço feito pela AFP.

Mais de 176 566 650 casos de infeção foram oficialmente diagnosticados desde o início da pandemia.

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