Os bombeiros do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa (RSBL) vão iniciar em 17 de novembro uma greve devido a “problemas persistentes nas condições de trabalho”, garantindo apenas os serviços mínimos, foi anunciado esta sexta-feira, 31 de outubro.Em declarações à Lusa, o presidente do Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais (SNBP), Sérgio Carvalho, explicou que a greve “só vai parar quando for recebido pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa”.Segundo Sérgio Carvalho, o “comandante do Regimento está informado de todas as situações” existentes, considerando haver “má gestão do efetivo, falta de planeamento e planificação”.Para o responsável, os novos bombeiros que entraram ao serviço na quinta-feira, tiveram de recorrer aos capacetes azuis da recruta, “uma vez que o RSBL não tem capacetes novos para estes elementos”..Ministério Público investiga manifestações dos sapadores. “Desde há dois anos que os bombeiros que eram recrutas e agora já em funções apenas receberam três fardas, e não têm um casaco para o frio, um fato para a chuva, coletes para tripular as ambulâncias, faltam equipamentos de proteção individual”, acusou.Entre os motivos que levam os Sapadores à greve está a “escassez de efetivos e viaturas sem guarnição e algumas viaturas sem equipamento específico há vários anos”, além de instalações com “condições de habitabilidade inadequadas”.Sérgio Carvalho lembrou também que os Sapadores estão a prestar um serviço de prevenção ao heliporto do Hospital de Santa Maria, 24h/24horas e “até ao momento ninguém conhece o protocolo estabelecido entre o RSBL, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) e o Hospital de Santa Maria”.“São 18 homens de três quartéis de Lisboa que estão de prevenção a Santa Maria 24 horas [por dia] e nem sabemos as contrapartidas que a autarquia recebe por um serviço de prevenção realizado por viaturas e bombeiros do RSBL”, explicou, lembrando que em outros hospitais e zonas do país esse serviço é remunerado às entidades que o prestam “com valores bastante consideráveis”..Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores não vai assinar acordo com Governo. “A CML/RSBL não pode prestar um serviço gratuito ao Ministério da Saúde, quando se trata de prevenção e não de socorro”, frisou, salientando que as prevenções relacionadas com as aterragens e descolagens do heliporto do Hospital de Santa Maria vão ser afetadas pela greve, “uma vez que não são um serviço de socorro, mas sim de prevenção”.Durante o período de greve, serão garantidos os serviços mínimos para assegurar o socorro à população de Lisboa, assegurou Sérgio Carvalho, incidindo a greve sobre serviços de prevenção e vistorias, limpezas de pavimento, entre outros serviços que não coloquem em causa o socorro.“Só serão efetivamente efetuados os serviços de socorro com os veículos que efetivamente têm guarnição, enquanto todos os restantes veículos sem guarnição e que se encontram à condição não serão tidos como veículos contabilizados para efeitos de socorro”, refere uma nota do SNBP..Proposta é "injusta". Sindicato dos bombeiros sapadores sai de reunião sem acordo com Governo . Relativamente à formação profissional, apenas será garantida a relativa aos cursos de promoção dos bombeiros do RSBL.O SNBP sublinha que todas as situações já foram expostas ao RSBL, “tendo havido o compromisso que estas situações iriam ser resolvidas”. No entanto, “face ao arrastar das situações e da ausência de medidas concretas”, decidiu-se avançar com um pré-aviso de greve “renovável automaticamente todos os meses”.Sérgio Carvalho lembrou ainda que, “nos últimos quatro anos, a autarquia transferiu 8 milhões de euros para o Regimento, não tendo recusado nenhum valor de transferência pedido, mas a verdade é que faltam bens essenciais ao serviço dos bombeiros”.“Só uma má gestão interna e uma profunda desorganização podem justificar o atraso na aquisição de fardas, de EPI, casacos, fatos de chuva e na criação de condições de habitabilidade em todos os quartéis para todos os bombeiros e não apenas em alguns quartéis que sofreram obras, enquanto outros permanecem em condições precárias”, criticou.O responsável sindical alertou ainda para a “grande contestação quanto à forma como o sistema de avaliação é aplicado” no Regimento, adiantando que muitos bombeiros “só tiveram conhecimento dos objetivos da avaliação para o ano de 2025 no mês de outubro 2025, quando o ano já está a terminar”.