Ruído dos aviões em Lisboa prejudica tratamento da saúde mental no Júlio de Matos

Ruído dos aviões em Lisboa prejudica tratamento da saúde mental no Júlio de Matos

Ampliação prevista para o terminal 1 do aeroporto de Lisboa deve agravar o efeito negativo do barulho dos aviões pois o plano da ANA é aumentar o número médio de voos no Humberto Delgado de 38 para 45 voos por hora.
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O barulho dos aviões que aterram e descolam do aeroporto de Lisboa prejudica o funcionamento do Hospital Júlio de Matos, e o tratamento de pessoas com problemas de saúde mental, tendo a instituição já substituído as janelas de modo a minimizar o problema.

A exposição ao ruído neste hospital, que está integrado na Unidade Local de Saúde (ULS) de São José, acontece por estar muito próximo do aeroporto Humberto Delgado, problema que tem sido objeto de acompanhamento pelas equipas do então Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa e agora da ULS São José, em parceria com a ANA - Aeroportos de Portugal, disse à Lusa a própria ULS São José.

O barulho das aeronaves é "um constrangimento importante ao desejável funcionamento" do Hospital Júlio de Matos, diz a unidade em resposta escrita, explicando que esse problema tem um efeito particular por se tratar de um hospital que trata fundamentalmente pessoas com problemas de saúde mental.

"Têm sido tomadas medidas [no hospital Júlio de Matos], designadamente a substituição de janelas ao abrigo do programa Bairro – Isolamento Acústico, o que tem permitido minimizar os efeitos negativos causados por esta contingência", adiantou.

A exposição a ruídos de tráfego, como o das aterragens e descolagens de aeronaves, aumenta o risco de demência e também o de hipertensão ou diabetes, concluiu um estudo recente da Federação Europeia de Transportes e Ambiente, divulgado em junho, que relaciona as partículas ultrafinas emitidas pelos aviões com a saúde de quem vive perto dos 32 aeroportos mais movimentados da Europa.

No caso de Lisboa, precisou na altura a associação ambientalista Zero, estão em causa cerca de 414 mil pessoas (cerca de 4% da população portuguesa) residentes num raio de cinco quilómetros do aeroporto Humberto Delgado, e que estão particularmente expostas, sofrendo segundo o estudo, um risco de demência de 20%, de diabetes de 12% e de hipertensão arterial de 7%.

As obras de ampliação do terminal 1 do aeroporto de Lisboa - uma das obrigações imposta à ANA há um ano, numa decisão do último Conselho de Ministros do governo de António Costa - vão ser sujeitas a avaliação de impacto ambiental da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), incluindo o efeito do aumento máximo previsto até 45 voos por hora.

“O estudo de impacto ambiental (EIA) a desenvolver deve considerar como situação de referência o número de voos declarado no pedido de apreciação prévia relativo ao projeto ‘Pier Sul, Central e Apron Sul’ (38 movimentos por hora) e a sua evolução futura, designadamente até atingir a capacidade máxima de 45 movimentos por hora”, refere o parecer aprovado no início deste mês.

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