Rui Moreira diz que ataque a migrantes no Porto é "crime de ódio" e defende extinção da AIMA
O presidente da Câmara do Porto afirmou esta segunda-feira que o ataque contra migrantes, que ocorreu na madrugada de sexta-feira, é "inaceitável e um crime de ódio", defendendo a extinção da AIMA - Agência para Integração de Migrantes e Asilo.
"O ataque a uma casa onde residem imigrantes, na freguesia do Bonfim, no Porto, é um crime de ódio que não pode ser relativizado a qualquer título. É um ataque inaceitável", disse Rui Moreira no início da reunião do executivo municipal.
Dizendo que qualquer tentativa de justificar ou explicar este ataque é inaceitável, o independente reforçou que também é inaceitável que se diga que ocorre como resposta a outros crimes que vão sucedendo nessa zona e que se diga que a culpa é do parlamento ou das interpretações sobre o colonialismo.
"Esses discursos servem para aqueles a quem interessa abrir barricadas na nossa sociedade", acrescentou.
O autarca referiu que é necessário confiar que as autoridades policiais tudo estão a fazer para que os seus responsáveis, diretos e indiretos, sejam identificados e que a justiça saiba "puni-los de forma exemplar".
Além disso, Rui Moreira contou que, logo que soube do sucedido, falou com os responsáveis policiais que lhe asseguraram que os dispositivos de videovigilância foram "de grande utilidade" na investigação, o que deve merecer uma reflexão por parte das forças políticas que se opuseram a que esse instrumento fosse disponibilizado com recursos municipais.
Rui Moreira entendeu que este episódio exige "ações concretas, muita responsabilidade e racionalidade na gestão dos escassos recursos públicos".
Por isso, o presidente da Câmara do Porto defendeu a extinção da AIMA e utilização dos recursos de que dispõe para habilitar os municípios a darem uma resposta e a reforçar as forças policiais dos recursos de que hoje não dispõem para combater a criminalidade.
"Repito, a AIMA é uma agência inoperante que desperdiça dinheiros públicos sem o cumprimento da missão a que se propôs e, por isso, deve ser extinta", insistiu.
Rui Moreira questionou porque é que num país em que se criam comissões parlamentares de inquérito "com tanta facilidade" a Assembleia da República não investiga esta agência nacional que "continua morta perante o aparente descontrolo dos fluxos migratórios".
Segundo o autarca, são necessárias políticas ativas que garantam a integração dos imigrantes, mas também que tranquilizem as populações.
"Uma política que contrarie o racismo e a xenofobia, que impeça a sua proliferação, que não permita o oportunismo de quem, fingindo combatê-lo, espera que ele cresça para alimentar o seu radicalismo", vincou.
Executivo municipal do Porto repudia ataque a imigrantes e pede tolerância zero
O executivo municipal do Porto foi entretanto unânime em repudiar e classificar de racista o ataque a imigrantes, dizendo que a tolerância deve ser zero.
Os eleitos pelo Movimento "Rui Moreira: Aqui há Porto", PSD, PS, CDU e BE condenaram esta segunda-feira veemente este ataque na reunião pública da câmara, frisando que o Porto é uma cidade "tolerante, aberta e de liberdade".
Estas posições surgiram depois de, no início da reunião, o autarca ter dito que este ataque é "inaceitável e um crime de ódio que não pode ser relativizado a qualquer título".
Na madrugada de sexta-feira, vários imigrantes foram agredidos em três locais distintos da cidade do Porto, sendo que pelo menos dois dos agredidos receberam assistência no Hospital de São João.
Num dos casos, o ataque deu-se na casa de 10 imigrantes, na Rua do Bonfim, que foi invadida por um grupo de 10 homens.
Na sequência das diversas agressões, seis homens foram identificados e um foi detido por posse de arma ilegal, tendo sido presente a tribunal e ficado em prisão preventiva.
Na reunião de hoje, a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, disse que estes "comportamentos racistas e xenófobos" são inaceitáveis no Porto e no país.
Esperando que haja um célere apuramento do que aconteceu na madrugada de sexta-feira e punição dos responsáveis, a comunista apelou à solidariedade da população do Porto para com todos".
Também a vereadora do PS Rosário Gambôa repudiou "atitudes xenófobas, racistas, agressivas e violentas" que põem em causa não só o bem-estar das vítimas, mas a paz social e a cordialidade que une as pessoas.
Por isso, tal como Ilda Figueiredo, a socialista espera que a investigação seja devidamente feita e produza resultados.
Por seu lado, a vereadora do BE considerou este ataque inadmissível, pedindo tolerância zero para este tipo de situações.
Maria Manuel Rola entendeu que é preciso atuar para devolver a segurança e estabilidade a quem vive e trabalha na cidade, reforçando que nenhum imigrante é criminoso por ser imigrante.
Também repudiando este ataque, a vereadora social-democrata Mariana Ferreira Macedo ressalvou que tem havido um aumento gradual da criminalidade e sentimento de insegurança, sendo muito importante reforçar as forças policiais.
Na sua opinião, exige-se uma reunião com a ministra da Administração Interna e a revisão das políticas de imigração.
O Porto é uma cidade "tolerante, aberta e de liberdade", por isso, qualquer ataque de ódio tem de ser condenado e investigado, reforçou o vice-presidente da câmara, Filipe Araújo, eleito pelo Movimento "Rui Moreira: Aqui há Porto".
Falando em "anos de inoperância" de várias instituições e "grande desinvestimento" em segurança pública, o vice-presidente defendeu o reforço dos meios das forças policiais para mitigar o problema.