R(t) parou de subir. Pico da nova onda deve ocorrer no fim do mês, diz especialista
38 573 casos de infeção. Este foi o novo máximo que Portugal voltou a atingir, depois da última vaga em janeiro e fevereiro. A nova sublinhagem da variante Ómicron, BA.5, será a responsável pelo disparar do número de casos, já que, em menos de um mês, se tornou dominante, destronando a BA.2. E quando assim é, quer dizer que "é muito mais contagiosa do que a anterior", explicaram ao DN.
A equipa da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que faz a modelação da evolução da doença desde o início da pandemia, estima que, na próxima semana, o país possa atingir um novo máximo de casos, entre os 35 mil e os 40 mil, considerando, no entanto, pela sua análise diária, "muito pouco provável que se atinja os 60 mil casos", previstos pelo INSA e referidos pela ministra da Saúde, Marta Temido, esta semana.
Segundo explicou ao DN, o professor Carlos Antunes, "para chegarmos aos 60 mil casos no final do mês, como referiu a ministra, já teríamos de ter registado esta semana os 40 mil casos e na próxima 50 mil, mas não é isso que indica a nossa análise, que tem por os dados reais diários". Até porque, referiu, "neste momento o R(t) nacional, índice de transmissibilidade, já deixou de subir, o que quer dizer que o ritmo de transmissibilidade está a desacelerar e que nos iremos aproximar do pico desta onda no final do mês ou início de junho, a nossa previsão indica os dias 28 ou 29, para depois se iniciar a descida".
O professor de Ciências confirmou que o R(t) nacional atingiu, nas duas últimas semanas, o máximo de 1.26. A região Norte, que foi a primeira a entrar nesta nova onda, chegou a registar um R(t) de 1.28 e Lisboa e Vale do Tejo de 1.21, estando as restantes regiões ainda abaixo de 1.20. Ao dia de ontem, e ainda com dados do dia 17, o R(t) nacional estava em 1.16.. "A grande incerteza em relação ao R(t) é o ritmo da descida e o momento em que irá cruzar a linha 1.0, mas o número de casos dos próximos dias irá confirmar", referiu.
Por agora, e de acordo com a análise da equipa da Universidade de Lisboa, Portugal está com uma média diária de 27 500 casos. A taxa de incidência a 14 dias é da ordem dos 3100 casos por 100 mil habitantes, mas "já se verifica uma desaceleração da transmissão", destacou o analista. Ao nível de óbitos, mantém-se uma média diária de 31 óbitos e a taxa de mortalidade por milhão de habitante a 14 dias é de 34 óbitos.
Segundo assinalou o professor, os óbitos irão atingir o pico mais tarde do que o número de casos, sendo expectável que possa atingir um máximo de 40 e até de 50, dentro de duas semanas, como alertou Marta Temido. A taxa de positividade da testagem está agora em 53%, novo aumento nos últimos dias.
Nos dias já contabilizados desta semana, de 16 até 19, o país atingiu 38 573 casos, 34 424, 31 861 e....., respetivamente. Quanto aos óbitos foram, 29, 29, 30 e .... Na semana passada, nos mesmos dias os números oscilaram entre os 22 mil e os 29 755, enquanto os óbitos oscilaram entre os 25 e os 29.
Para Carlos Antunes, os internamentos refletiram a tendência da incidência, ultrapassando a barreira dos 1100 e dos 1200, com a região Norte a atingir as mais de 600 camas ocupadas em enfermarias e as 40 em Unidades de Cuidados Intensivos. Um aumento que, assinalou o professor, começa agora a sentir-se em Lisboa e Vale do Tejo, enquanto as regiões do Centro, Alentejo e Algarve se mantém estáveis.
Recorde-se que a revisão de critérios na contabilização de casos com covid-19, anunciada nesta quinta-feira pela Direção-Geral da Saúde, aumentou o total de casos reportados desde o início da pandemia, quase em 243 993, até ao dia 17 de maio, sendo o total de 4 425 533. Hoje, a DGS fez o mesmo em relação ao dia de ontem atualizando o número de casos de 31 861 para 33 017 e o de óbitos de 30 para 33. Hoje, são reportados 29 916 casos de covid-19 e 27 óbitos. Novas atualizações podem ser feitas à medida que se vão detetando reinfeções. É que, a partir do dia 18 de março, serão incluídas na contabilização dos casos as reinfeções e não só a primeira infeção de cada utente. Esta mudança tem a ver também com a alteração de critérios da OMS, dado que esta nova variante tem levado a um aumento de reinfeções.
Foram registados 157.502 novos casos de covid-19 na semana de 10 a 16 de maio, mais 57.959 do que nos sete dias anteriores, indica esta sexta-feira o relatório semanal da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Além do aumento de novos casos, verifica-se uma subida no número de óbitos e internamentos.
No período em análise, morreram 191 pessoas devido à doença, mais 47 face à semana anterior, sendo que o índice de mortalidade situa-se nos 19 óbitos por milhão de habitantes (mais 33% de variação semanal).
Verifica-se uma incidência da infeção por SARS-CoV-2 a sete dias de 1.529 casos por 100 mil habitantes, o que representa uma variação semanal de mais 58%.
Nessa semana, o índice de transmissibilidade (Rt) passou de 1,13 para 1, 23.
No que se refere à situação nos hospitais, a 16 de maio estavam 1.450 pessoas internadas (mais 243 do que no mesmo dia da semana anterior), sendo que 84 estavam em unidades de cuidados intensivos (mais 25).