Taxa de risco de pobreza recuou 3,3 pontos percentuais entre população idosa
Taxa de risco de pobreza recuou 3,3 pontos percentuais entre população idosaFOTO: Miguel Pereira/Global Imagens

Risco de pobreza recua em Portugal, mas ainda afeta mais de 1,6 milhões de pessoas

Em 2024, número de pessoas em risco de pobreza em em Portugal recuou 101 mil. Grande Lisboa apresentou o risco mais baixo
Publicado a
Atualizado a

Portugal registou uma descida do risco de pobreza em 2024, de acordo com os dados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento do Instituto Nacional de Estatística (INE). A taxa situou-se em 15,4% da população, menos 1,2 pontos percentuais do que em 2023, mas ainda representa 1,66 milhões de residentes em situação de vulnerabilidade económica - menos 101 mil do que no ano anterior.

O INE destaca que esta redução foi impulsionada pelas transferências sociais, relacionadas com doença, incapacidade, família, desemprego e inclusão social, que contribuíram para diminuir o risco de pobreza em 5,4 pontos percentuais, um valor superior ao registado no ano anterior (4,8 p.p.). Este efeito foi particularmente evidente entre a população idosa, cujo risco de pobreza caiu 3,3 pontos percentuais, refletindo o impacto das pensões de reforma e dos apoios sociais.

Entre 2023 e 2024, a diminuição da pobreza foi sentida em todos os grupos etários e sexos. A população empregada viu o risco baixar de 9,2% para 8,6%, enquanto os desempregados passaram de 44,3% para 42,6%.

Contudo, nem todos os agregados familiares registaram melhorias: famílias monoparentais com crianças e agregados constituídos por dois adultos com duas crianças registaram um aumento do risco.

As disparidades regionais mantêm-se significativas. A Grande Lisboa apresentou o risco de pobreza mais baixo, com 12,2%, seguida do Algarve (15,1%). Já o Alentejo, os Açores e a região Oeste e Vale do Tejo registaram índices superiores a 17%.

Além da redução do risco de pobreza, os dados apontam para uma diminuição da desigualdade económica. O coeficiente de Gini - medida estatística que avalia a desigualdade na distribuição de rendimentos ou riqueza numa população - caiu de 31,9% em 2023 para 30,9% em 2024, e o rácio S80/S20 - um indicador estatístico de desigualdade de rendimento que compara a parte do rendimento total recebida pelos 20% mais ricos (S80) com a parte recebida pelos 20% mais pobres (S20) da população - desceu de 5,2 para 4,9, indicando uma distribuição de rendimentos mais equilibrada.

A taxa de intensidade da pobreza, que mede a distância do rendimento mediano das pessoas em risco de pobreza face ao próprio limiar de pobreza, recuou de 25,7% para 22,6%, reforçando a melhoria relativa do poder de compra das famílias mais vulneráveis.

Apesar destes avanços, quase dois milhões de portugueses permanecem em risco de pobreza ou exclusão social. O INE sublinha que o problema continua mais grave entre os idosos, famílias com filhos dependentes e pessoas com níveis educativos mais baixos.

Privação material e social

Em relação a indicadores de privação material e social, a informação recolhida de abril a julho de 2025 pelo INE, e referente aos últimos 12 meses, destaca que 33,1% das pessoas vivem em agregados sem capacidade financeira para pagar uma semana de férias, por ano, fora de casa, suportando a despesa de alojamento e viagem para todos os membros do agregado (uma melhoria face aos 35,2% do inquérito divulgado em 2024).

Outro indicador mostra que 33,0% das pessoas vivem em agregados sem capacidade financeira para substituir mobiliário usado (eram 36,2% em 2024).

Também 15,6% das pessoas referem não ter capacidade financeira para manter a casa adequadamente aquecida (face a 15,7% em 2024).

E 9,3% das pessoas não podem gastar semanalmente uma pequena quantia de dinheiro consigo próprias (eram 9,5% em 2024).

8,8% das pessoas não têm capacidade financeira para participar regularmente numa atividade de lazer (10,1% em 2024).

Em sentido contrário, no entanto, verifica-se em 2025 o aumento da proporção de pessoas que vivem em agregados sem capacidade para assegurar o pagamento imediato, sem recorrer a empréstimo, de uma despesa inesperada de 632 euros, o que corresponde aproximadamente ao valor mensal da linha de pobreza no ano anterior (de 28,7% em 2024 para 29,2% em 2025).

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt