Responsável da Ginecologia e Obstetrícia da Maternidade Alfredo da Costa demite-se por "sobrecarga de trabalho"
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Responsável da Ginecologia e Obstetrícia da Maternidade Alfredo da Costa demite-se por "sobrecarga de trabalho"

Ministra da Saúde escusou-se a comentar a demissão, remetendo explicações para a presidente da ULS de São José.
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O conselho de administração da Unidade Local de Saúde (ULS) de São José confirmou esta quarta-feira que aceitou o pedido de demissão do responsável da especialidade de Ginecologia e Obstetrícia da Maternidade Alfredo da Costa (MAC).

Numa resposta enviada à Lusa, o conselho de administração agradece o trabalho desenvolvido por Carlos Marques e informa que o médico "continuará a exercer funções como especialista nos quadros da maternidade".

A notícia da demissão de Carlos Marques foi avançada pela Rádio Renascença, que revelou que o responsável escreveu uma carta à presidente da ULS de São José, Rosa Valente de Matos, alegando "elevada sobrecarga de trabalho, numa altura em que a maternidade bate recordes de partos". 

Questionada pelos jornalistas durante a inauguração de unidades de saúde no concelho de Tondela, a ministra da Saúde escusou-se a comentar a demissão, remetendo explicações para a presidente da ULS de São José.

Na semana passada, Rosa Valente de Matos tinha alertado que o "grande esforço" que os profissionais da MAC estavam a fazer não seria possível manter por muito mais tempo, lembrando que só no dia 12 - quando encerraram cinco urgências de Ginecologia e Obstetrícia - a maternidade tinha realizado 25 partos, o número mais alto desde 2013, ano em que num dia de janeiro se registaram 22 partos.

"Desde 2013, ano em que houve a integração da MAC no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, que não se fazia tantos partos", disse na altura a responsável, em declarações à Lusa, enaltecendo "o grande esforço" de uma equipa que "tem alterado as suas férias, o seu período de descanso, para poder responder, neste momento, às necessidades" do país e da zona de Lisboa.

A responsável pediu ainda à Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde uma maior articulação a nível entre hospitais tendo em conta os encerramentos rotativos nas urgências destas especialidades, lembrado que a "capacidade da MAC também é um bocadinho limitada".

A MAC tem registado uma média semanal de 442 atendimentos na urgência em agosto, acima da média de julho (320), e uma média de 13 partos por dia, 15 ao fim de semana (11 partos, em média, no mês homólogo de 2023).

O hospital de Santarém reabriu hoje a sua urgência de Obstetrícia e Ginecologia, a principal alteração em relação a terça-feira no mapa de resposta sazonal dos serviços hospitalares, segundo informação publicada no Portal do SNS às 09:00.

O Hospital Nossa Senhora do Rosário (Barreiro) é o único do país que têm dois serviços de urgência encerrados (Pediátrica e Obstetrícia e Ginecologia) e, no Médio Tejo, o hospital Dr. Manoel Constâncio (Abrantes) mantém fechados os serviços urgentes de Obstetrícia e Ginecologia, enquanto no sul do país o único condicionamento registado é em Portimão, que encerrou a sua Urgência de Obstetrícia.

Apesar de não existirem mais encerramentos, verificam-se vários condicionamentos, com unidades classificadas como referenciadas, serviços reservados às urgências internas e aos casos referenciados pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) ou pela linha SNS 24

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