"Respeito!": Professores encerram escolas em prol da valorização

As greves dos docentes prometem elevar a fasquia com acampamentos e marchas junto ao Ministério da Educação. Há escolas que continuam fechadas e exigem-se soluções.
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Tal como "ameaçado" pelos sindicatos, o ano começou com greves e manifestações por todo o país no setor da educação, reunindo professores, diretores, alunos, encarregados de educação e pessoal não docente. Durante as próximas semanas, várias são as iniciativas promovidas pelas organizações representativas dos professores.

Num protesto que teve ontem início, a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) promete manter um acampamento até sexta-feira (dia 13) em frente ao Ministério da Educação, em Lisboa, para obter respostas às revindicações dos docentes.

Quando for atingido o limite do prazo estabelecido pelo Fenprof, os professores em greve prometem aguardar no local a divulgação de novas soluções por parte do ministério, tendo em conta a revisão do regime dos concursos de colocação, a recuperação do tempo de serviço congelado, o fim das quotas na avaliação e um regime específico de aposentação.

Segundo Mário Nogueira - secretário-geral da Fenprof - o atual "acampamento" pretende alertar para a necessidade de soluções para os problemas do setor, "mais do que reuniões", referindo-se à reunião negocial agendada com o Ministério da Educação para os dias 18 e 20 de janeiro.

"Do Minho ao Algarve", inúmeras são as escolas que já fecharam os portões em prol da valorização da classe docente, de acordo com informações disponibilizadas à agência Lusa, dando continuação à greve por tempo indeterminado convocada pelo Sindicato de Todos os Professores (S.T.O.P) a 9 de dezembro do ano passado.

As atuais greves afetam "quase todos os concelhos do país", com muitas escolas totalmente encerradas ou atividade apenas a tempo parcial, disse à Lusa, Pedro Xavier, do S.T.O.P.

"É um pouco difícil indicar os números, porque dependemos da comunicação das escolas. No entanto, através de uma amostra dá para perceber que em quase todos os concelhos do país há escolas encerradas ou trabalhadores a fazer greve a tempo parcial, em que as atividades não decorrem por inteiro. Há inclusive concelhos em que as escolas fecharam na totalidade, algumas por vários dias e até um mês, inclusive", afirmou.

Exemplos dos diversos protestos que atualmente existem no país são os que aconteceram no concelho de Viana do Castelo, onde cerca de 120 profissionais participaram ontem de manhã numa concentração por melhores salários e pela escola pública.

Já em Torres Vedras, centena e meia de professores formaram um cordão em frente ao Agrupamento de Escolas Madeira Torres.
Também em Setúbal, dezenas de elementos da comunidade educativa da Escola Secundária Dom Manuel Martins concentraram-se à entrada do estabelecimento, numa ação de protesto por melhores carreiras e salários na educação.

"Respeito pela educação", "Acesso à carreira", "Avaliação sem quotas", "Dignidade", "Justiça" "Luta" e "Valorização" são algumas das palavras que se liam nos cartazes exibidos pelos professores por todo o país.

Face a indignação dos professores considerando a alegada municipalização da contratação, o ministro da Educação adiantou ontem que o Governo vai apresentar propostas para a revisão do regime de recrutamento e mobilidade que vão "mais além" do que os docentes pedem, na próxima reunião negocial com os sindicatos, a 18 e 20 de janeiro.

"Vamos apresentar uma proposta bastante mais além do que aquilo que os sindicatos nos responderam, de reduzir significativamente as zonas pedagógicas para evitar deslocações muito grandes dos professores dentro do território", disse João Costa.

Por sua vez, o primeiro-ministro considerou ser "absolutamente falso" que os municípios vão passar a contratar professores e que não vai ser cumprida a lista de graduação nas contratações. "Não há municipalização. Isso é confusão total. É absolutamente falso. Admito que tenha resultado da confusão do facto de estarmos a negociar o processo de descentralização e o modelo de contratação de professores, mas são modelos completamente distintos", afirmou.

De acordo com António Costa, o Governo está a descentralizar para as câmaras municipais a possibilidade de passarem a fazer nos 2.º e 3.º ciclos e no secundário "aquilo que já fazem no 1.º ciclo e no ensino pré-escolar, que tem a ver, designadamente, com a gestão das instalações e o pessoal não docente".

Sábado, 14 de janeiro, Lisboa vai receber a "marcha nacional pela escola pública", convocada pelo S.T.O.P. O sindicato diz que vai mobilizar a comunidade educativa, professores, pessoal não-docente, alunos e encarregados de educação para marcar presença na luta pela valorização da profissão.

Entre 16 de janeiro e 8 de fevereiro, o Fenprof vai iniciar uma greve que visa obter respostas às revindicações dos docentes e que, distrito a distrito, abrangerá todo o território continental.

O Ministério da Educação convocou os sindicatos do setor para uma nova reunião negocial sobre a revisão do regime de recrutamento e mobilidade para os dias 18 e 20 de janeiro.

Com Lusa

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