Raiz 1261: Monção em 10 jóias por Letícia Esteves
O olho da Coca (nome dado no Minho ao mítico dragão que São Jorge combateu), a videira do alvarinho e as roscas são os símbolos do município de Monção. Agora, serviram também de inspiração para a coleção Raiz 1261, de Letícia Esteves. As 10 peças exclusivas vão ser lançadas este sábado.
O objetivo desta coleção era tornar os “acessível a qualquer pessoa que também não fosse da terra” os “trazer olhares de fora para a coleção”, explica ao DN a artista portuguesa, por chamada telefónica.
O município, por seu lado, pretende atrair e criar oportunidade para os jovens da região que atualmente se encontram noutras zonas do país e no estrangeiro. Foi aliás esse o caso de Letícia Esteves, que vive no Porto. O projeto representou um investimento “entre os 10 a 15 mil euros”, segundo a Lusa.
Apesar da artista não ter nascido em Monção, os seus pais são naturais dessa região. “Costumo dizer que sou embaixadora de Monção porque gosto sempre de mostrar o que temos de bom e convidar as pessoas a virem”.
O amor pela arte da joalharia começou no 10.º ano: “Percebi que gostava de manipular o material em cru, poder dar valor, agarrar a imaginação, começar só a esculpir alguma coisa no próprio metal”.
O nome da coleção - Raiz 1261 - surge devido a esta relação da artista com a terra, sendo o ano 1261 a data da atribuição da carta de foral ao Município de Monção pelo Rei D. Afonso III. “Monção para mim tem muito valor e fiquei muito contente por ajudar aqui a impulsionar a minha terra com este projeto”, acrescenta a artista.
A coleção conta com um total de 10 peças em todos de dourado e verde. Esta é composta por três pulseiras, dois colares, dois anéis, dois botões de punho e uma gargantilha. Letícia destaca o colar Orosion, que representa o símbolo de Monção e o conjunto - Enlace (gargantilha) e Solstício (pulseira) -, devido à forma como ficam no corpo. Uma das peças representa o Olho da Coca. Em Monção, durante as festas de Corpo de Deus é recriado este combate com atores e uma estátua de um dragão.
Todas as peças foram concebidas manualmente em prata de lei 925, com banho de ouro de 24 quilates, pedra natural (malaquite) e esmalte frio. A coleção é autenticada e certificada pela Contrastaria da INCM.
Esta foi a primeira vez que Letícia está a trabalhar numa coleção com este número de peças. Até ao momento, a artista apenas tinha lançado coleções exclusivas e mais pequenas.
“O maior desafio foi mesmo trabalhar para um município, porque não estava habituada. Em termos de joalharia, foi simples porque já trabalho há uns 12 anos na área e foi só deixar fluir. O meu trabalho é muito trabalho de autor, para coleções mais exclusivas, mais pequenas. Aqui o volume foi bastante maior do que eu estou habituada. O trabalho é todo manualmente feito por mim”, menciona.
O lançamento da coleção será no Palácio da Brejoeira, em Monção, imóvel classificado como Monumento Nacional desde 1910, e contará com um desfile de joias e sunset. Esta apresentação vai contar com 10 modelos e conjuntos com outras lojas de Monção.