ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA
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Protesto. Diretor da PSP diz aos sindicatos que está solidário com polícias

A informação foi dada pelo presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia, após reunião com o diretor nacional da PSP, numa altura em que os polícias estão em protesto por melhores condições salariais e de trabalho. Os sindicatos esperam contacto do MAI e vão pedir reuniões aos partidos.
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O diretor nacional da PSP manifestou esta quinta-feira aos sindicatos que está solidário com os protestos dos polícias, disse o presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia, avançando que a contestação vai continuar.

"Esta reunião serviu acima de tudo para o diretor nacional, pessoa que nos dirige, mostrar efetivamente, confirmar e reforçar aquele que é o espírito de solidariedade que tem para com esta luta, que também não deixa de ser uma luta do diretor nacional, sendo ele o diretor de todos os polícias", disse aos jornalistas Bruno Pereira.

Estas ações tiveram início num movimento inorgânico que surgiu dentro da PSP contra o subsídio de risco atribuído pelo Governo apenas à Polícia Judiciária.

No final da reunião de hoje, o presidente do SNOP precisou que o diretor nacional procurou deixar uma mensagem de apoio aos polícias.

Questionado se Barros Correia pediu aos sindicatos para pararem com os protestos, Bruno Pereira afirmou que o diretor nacional da PSP "não ia fazer tal coisa, nem faria sentido pedir, num momento em que a luta é justa, atual e tem de continuar a ser discutida".

O presidente do sindicato que representa a maioria dos comandantes e diretores da PSP sublinhou igualmente que as estruturas sindicais têm pedido aos polícias "bom senso" nos protestos, ressalvando que os polícias "têm padrões elevados de ética" e "não se espera que tenham comportamentos que não sejam próprios de um polícia".

No entanto, sustentou que "os polícias têm razões mais do que legítimas" para protestar e reivindicar a revisão dos suplementos remuneratórios nas forças de segurança e melhores condições de trabalho.

Bruno Pereira garantiu que os protestos vão continuar enquanto não existir "uma posição firme e vinculada" sobre "as legítimas pretensões".

"Os polícias vão manter-se firmes, tal como todos estes sindicatos que os representam também vão manter-se unidos exatamente para defender aquilo que é a legítima defesa dos seus direitos e causas", disse.

O presidente do SNOP lembrou que os protestos dos polícias não começaram esta semana, sendo "uma luta que começou a ser travada há anos e para o qual o Governo não deu solução".

Pelo quarto dia consecutivo, os polícias da PSP voltam hoje a concentrar-se em várias cidades do país em protesto, numa iniciativa que começou com um agente da PSP em frente à Assembleia da Republica, em Lisboa, e está a mobilizar cada vez mais elementos da PSP, bem como da GNR e da guarda prisional.

O protesto foi também concretizado com a paragem de vários carros de patrulha da PSP, principalmente no Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis), alegando os polícias que estavam inoperacionais e com várias avarias.

A contestação dos elementos da PSP, juntamente com os militares da GNR, teve início após o Governo ter aprovado em 29 de novembro o pagamento de um suplemento de missão para as carreiras da PJ, que, em alguns casos, pode representar um aumento de quase 700 euros por mês.

Estes protestos surgiram de forma espontânea e não foram organizados por qualquer sindicato, apesar de existir uma plataforma, composta por sete sindicatos da PSP e quatro associações da Guarda Nacional Republicana, criada para exigir a revisão dos suplementos remuneratórios nas forças de segurança.

Esta plataforma decidiu cortar totalmente as relações com o Ministério da Administração Interna.

Os protestos dos polícias estão a ser organizados através das redes sociais, como Facebook e Telegram.

Na reunião com o diretor nacional da PSP estiveram presentes os seis sindicatos mais representativos: Associação Sindical dos Profissionais da Policia (ASPP-PSP), Sindicato dos Profissionais de Polícia (SPP), Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol), Sindicato Independente da Polícia (SIAP), Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia (SNOP) e Sindicato Nacional da Carreira de Chefes da PSP (SNCC).

Sindicatos da PSP esperam contacto do MAI e vão pedir reuniões aos partidos

O presidente do Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia (SNOP), Bruno Pereira, assumiu entretanto a expectativa de que o Governo contacte os sindicatos da PSP por causa dos protestos e adiantou que vão ser pedidas reuniões aos partidos.

Em declarações após a reunião desta manhã com o diretor nacional da PSP, na sede da instituição, em Lisboa, Bruno Pereira referiu que José Barros Correia não transmitiu aos sindicatos qualquer indicação do Ministério da Administração Interna (MAI) face ao momento de contestação nas forças de segurança por melhores condições salariais e de trabalho.

"Não teria de ser o senhor diretor nacional a fazê-lo, mas sim o senhor ministro da Administração Interna, até porque tem um contacto direto com todos nós. Querendo fazê-lo, pode fazê-lo e nós esperamos que o possa fazer e que o faça brevemente", disse o presidente do SNOP, assegurando que os sindicatos ainda não foram chamados para um encontro.

Porém, Bruno Pereira expressou a vontade dos sindicatos de terem "uma discussão alargada com os representantes de todos os partidos políticos que queiram ver este assunto como prioridade máxima", reforçando que a segurança é um tema "que não pode ser negligenciado".

"Iremos pedir uma reunião aos partidos", observou o dirigente sindical, que explicou que com o Governo terá de haver uma discussão consensualizada com a plataforma que junta vários sindicatos da PSP e associações socioprofissionais da GNR para a revisão dos suplementos remuneratórios e que anunciou na semana passada um corte de relações institucionais com o MAI.

O presidente do SNOP revelou ainda desconhecer uma reunião na quarta-feira entre o diretor nacional da PSP e o comandante-geral da GNR com a secretária de Estado da Administração Interna, Isabel Oneto, mas salientou a sua convicção de que Barros Correia "tudo fará para defender aquilo que são os legítimos interesses e direitos dos seus polícias".

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