A presidente da Cáritas Portuguesa, Rita Valadas, defendeu, este sábado, em entrevista ao programa 7 Margens da Antena 1, a necessidade das prestações sociais existentes serem revistas - como o Rendimento Social de Inserção (RSI) e o abono de família - , de modo a tornar o combate à pobreza mais eficaz..Rita Valadas recordou que o Rendimento Social de Inserção (RSI) foi "criado com o objetivo de criar inserção" mas que com a evolução dos problemas sociais passou a ser uma forma de reduzir a pobreza dos seus beneficiários. Quanto ao abono de família afirma que esta prestação era universal mas que também passou "a ser mais um recurso para afastar as pessoas da pobreza"..A presidente da Cáritas destacou ainda que a resolução dos problemas da pobreza têm de ser feitos na proximidade e que esta revisão das prestações sociais deve ser feita tendo em conta as diferentes realidades do país e as condições das pessoas..Na semana passada, após o fim de uma reunião do Conslho Geral da Cáritas Portuguesa, foi emitido um comunicado em que a instituição diz começar a confrontar-se com a falta de capacidade humana e material para ajudar os imigrantes que chegam a Portugal, instando o Estado a cumprir a sua parte..Nesta entrevista, Rita Valadas fala do grande aumento de pessoas, sobretudo imigrantes, que pedem ajuda nas Cáritas diocesanas de todo o país. “Até há muito pouco tempo era uma realidade das grandes cidades, neste momento está espalhada por todo o território e chegam às Cáritas locais.E isto fez soar um alarme”, afirma..Estes imigrantes chegam de forma cada vez mais vulnerável a Portugal. A presidente da Cáritas diz que há pessoas que vêm já com um projeto de trabalho definido mas que "cada vez mais chegam ainda um com um projeto indefinido, o que torna ainda mais difícil o primeiro passo", sublinhando que a Cáritas não tem as condições para encaminhar as pessoas para pedidos de nacionalidade, residência e outros..Estes imigrantes recorrem à instituição em situações de emergência e grande aflição "pelo mais básico dos básicos: não têm que comer, vêm de países quentes e não têm roupa; quando falamos de emergência é todo um contínuo de necessidades que as pessoas trazem"..Sobre o próximo Governo, Rita Valadas insiste na definição de uma estratégia clara para o combate à pobreza. “Há muitas instituições a trabalhar e preocupadas com este tema – não é só a Cáritas, se não houver orientações alinhadas vamos estar todos a gastar recursos que podíamos agregar em vez de dispersar.”