A Câmara do Funchal estimou em 61 milhões de euros os prejuízos provocados pelos incêndios da semana passada em prédios e infraestruturas do concelho, indica um relatório municipal divulgado esta quarta-feira..O relatório de levantamento de danos registados pelos incêndios no conjunto edificado privado e público e nas infraestruturas públicas do município refere que 300 edifícios foram afetados pelos fogos, 177 ficaram totalmente destruídos e 123 parcialmente, em oito das dez freguesias que integram o concelho (apenas São Martinho e Sé não sofreram ocorrências)..Estes dados serão apresentados ao Governo da República numa reunião marcada para esta tarde em Lisboa..A Câmara Municipal detetou, por outro lado, que 861 moradores foram afetados pelos fogos no concelho, 531 das quais estão desalojados, tendo em conta os edifícios totalmente destruídos..A autarquia estima em 35.766 milhões de euros os custos de construção a afetar a todo o conjunto edificado atingido..Ao nível das infraestruturas municipais, a Câmara Municipal do Funchal, liderada pela coligação Mudança (PS, BE, PTP, MPT e PAN), estimou que sejam necessários para a sua recuperação 25.320 milhões de euros..Em termos de edifícios, as freguesias mais afetadas foram Monte (82), Santa Luzia (77) e São Roque (49). Foi nesta freguesia, nas zonas altas do concelho, que o incêndio começou, por volta das 15:00 do dia 08 de agosto..Segundo o relatório municipal, os incêndios tiveram a sua origem no sítio da Alegria, propagando-se depois pelas zonas altas das freguesias de Santo António, Monte, Santa Maria Maior e São Gonçalo..Entre as estruturas da autarquia atingidas pelos fogos, conta-se o Parque Ecológico do Funchal, com uma área total de 718 hectares, tendo sido afetado em cerca de 60% (430 hectares)..O relatório destaca ainda a necessidade de intervir ao nível das redes de água e de várias estradas, escarpas e veredas municipais..Quanto à frota afeta ao Serviço Municipal de Proteção Civil, a autarquia constatou a necessidade de uma "manutenção extraordinária" e "recuperação do parque de viaturas", assim como da reposição dos equipamentos de combate aos incêndios e dos materiais de primeiro socorro..O documento evidencia que os incêndios decorridos afetaram também as zonas urbanas centrais da cidade, incidindo nas freguesias de São Pedro, Santa Luzia e Imaculado Coração de Maria, inclusive no núcleo histórico da cidade (freguesia de São Pedro).."Nesta sequência e atendendo à grandeza do evento, foi acionado no dia 09 [de agosto], pela manhã, o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil do Funchal e desativado no dia 16 de agosto", lê-se no relatório..A Câmara do Funchal destaca, por outro lado, que a orografia acidentada do município, as temperaturas excecionalmente elevadas (atingindo 38 graus), os níveis de humidade muito baixos (abaixo dos 30 graus) e os ventos muito fortes (com rajadas que atingiram 80 quilómetros/hora) resultaram em "condições ótimas à propagação descontrolada dos fogos", quer florestais, quer urbanos.."Importa referir que o estado de alguns terrenos nas zonas periurbanas e urbanas, situação que o município tem vindo a contrariar, notificando os proprietários no sentido da sua limpeza, foi outro dos fatores que muito contribuíram para a situação grave de incêndios vivenciada nos últimos dias", salienta..A autarquia identifica dois "grandes fatores" que motivaram o deflagrar dos focos de incêndio nas zonas urbanas, nomeadamente a antiguidade das edificações e estado de ocupação devoluto e a localização abrangente dos edifícios em zonas de taludes ameaçadas por um elevado grau de perigosidade de incêndio.."Nas áreas florestais os motivos associados identificam-se essencialmente com a limpeza das florestas e predominância de um coberto vegetal facilmente inflamável", refere o documento.