Em 2021, os hábitos alimentares inadequados foram o quinto fator de risco que mais contribuiu para a perda de anos de vida saudável dos portugueses e para a mortalidade. A conclusão está expressa no relatório de 2024 do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), um dos programas de Saúde prioritários da Direção-Geral da Saúde (DGS), que foi divulgado nesta quinta-feira, 16 de outubro, para assinalar o Dia Mundial da Alimentação.O documento, que reúne toda a informação epidemiológica a nível nacional na área da alimentação e nutrição, revela que os portugueses continuam a ter um consumo elevado de de carne vermelha e de carne processada e baixo consumo de cereais integrais. Três dos principais fatores que “contribuem para a perda de anos de vida saudável e para a mortalidade”.No entanto, nem tudo é negativo. O relatório destaca também que Portugal conseguiu melhorar a sua oferta alimentar e aumentar a sua resposta na área da nutrição nos Cuidados de Saúde Primários, situando-se agora entre os países europeus com menor teor médio de sal e açúcar nos alimentos, apresentando valores mais baixos de sal em produtos de padaria, refeições pré-preparadas e queijos, e de açúcar em refrigerantes e bolos e bolachas doces.Nas conclusões é especificado que, no ano passado, foi possível verificar-se “uma diminuição da prevalência de insegurança alimentar moderada ou severa em Portugal (-0,7 p.p.), igualando os 4,1%. A análise realizada pela DGS permitiu perceber que “a percentagem média de doentes submetidos à identificação do risco nutricional nas unidades hospitalares do Serviço Nacional de Saúde (SNS) monitorizadas pelo BI do risco nutricional foi de 36,7%”, e que durante o ano de 2024 “foram realizadas 136 921 consultas de nutrição nos Cuidados de Saúde Primários (CSP)”. De acordo com a informação disponibilizada, conclui-se que “a evolução temporal nesta área tem sido positiva desde 2022, traduzindo-se num aumento de praticamente 30% no número de consultas de nutrição relativamente a 2022”, sendo que, “em 2024, o tempo decorrido entre a referenciação de um doente e a efetivação da consulta de nutrição foi de 94 dias totais”.Outro destaque positivo vai para o impacto do imposto sobre as bebidas açucaradas, que incentivou “à reformulação do teor de açúcar destas bebidas, tendo-se verificado uma diminuição de 39% da proporção de bebidas com 8g de açúcar por 100mL, entre 2017 e 2024”.Ou seja, refere o documento, “entre 2017 e 2024, verificou-se uma redução de 39% nas bebidas com maior teor de açúcar (≥8g/100mL). Este efeito, mantido ao longo do tempo, demonstra o papel decisivo das políticas fiscais na promoção de ambientes alimentares mais saudáveis”.Mas os resultados agora divulgados sugerem que “as medidas regulatórias são mais efetivas do que os acordos voluntários, já que a redução de açúcar foi significativamente superior nos refrigerantes sujeitos à taxação (−25,7%) do que nas categorias apenas abrangidas por compromissos voluntários (−14,8%)”.No futuro, em termos de metas a alcançar até 2027, a DGS assume ser necessário “melhorar o conhecimento sobre o consumo alimentar e estado nutricional da população portuguesa; promover a melhoria do acesso e da qualidade a cuidados nutricionais, em todos os níveis de cuidados de saúde; melhorar os ambientes alimentares, através de medidas que reduzam a exposição e os estímulos ao consumo de alimentos não saudáveis e, em contrapartida, promovam a exposição a alimentos saudáveis”.