Portugueses divididos quanto ao envio de tropas nacionais para a Ucrânia
No passado dia 6, à entrada para uma reunião do Conselho Europeu sobre a Ucrânia, o primeiro-ministro Luís Montenegro, ainda no pleno das suas funções, afirmou que “(…) se for necessário que haja tropas no terreno e que os parceiros europeus as constituam, Portugal estará naturalmente disponível, como tem estado noutros teatros de operações, do lado daqueles que garantem a paz”. França e Reino Unido são os precursores da possibilidade de enviar tropas de manutenção de paz, com países, como Espanha, Dinamarca ou Países Baixos, além de Portugal, a mostrarem abertura para fazer o mesmo.
Uma sondagem Aximage/DN mostra que os portugueses se encontram divididos quanto a esta manifestação de intenções avançada por Montenegro: 44% concorda ou concorda totalmente com esta possibilidade, enquanto a mesma percentagem discorda ou discorda totalmente com a hipótese de ver militares nacionais a apoiar Kiev. Já 12% não sabe ou não responde.
Olhando de forma mais pormenorizada para estes valores há a notar que a maior fatia (32%) respondeu que concorda com o envio de tropas portuguesas para a manutenção de paz da Ucrânia, enquanto apenas 12% dos inquiridos dizem concordar totalmente com este cenário. Do lado oposto, existe um maior equilíbrio, com 23% a referirem discordar e 21% a discordar totalmente.
Entre os segmentos do eleitorado - com a ressalva da Aximage de que “as percentagens” referentes à IL e BE (bem como as de CDU, Livre e PAN) devam ser lidas “a mero título indicativo” (devido ao valor reduzido das bases) -, esta sondagem mostra que os eleitores do BE nas últimas legislativas (31%) são quem mais concorda totalmente com o envio de tropas portuguesas, a uma larga distância dos do Livre (19%) e do Partido Socialista (16%), e ainda maior dos apoiantes dos restantes partidos - Chega e Iniciativa Liberal (11%), AD (9%), CDU (8%) e PAN (7%). Os votantes do Livre (49%) são os que mais concordam com a possibilidade avançada por Luís Montenegro, com os do PAN, a par da CDU, a surgirem mais uma vez com a menor percentagem (22%). Pelo meio estão os eleitores de IL (37%), AD (35%), PS (33%), BE (29%) e Chega (28%).
Entre aqueles que discordam, é o grupo que votou na coligação do governo, a AD, que se destaca (28%), um valor que desce para 14% quando a resposta é discordo totalmente. Os eleitores do PS encontram-se empatados (20%) em relação às duas possibilidades, enquanto os da CDU são os que mais discordam totalmente (56%), seguidos dos do Chega (33%). É no Livre que se encontram os votantes que menos discordam totalmente (7%) e os segundos (13%), a seguir ao BE (9%), que menos responderam discordar.
A ideia de enviar tropas portuguesas para a Ucrânia colhe ainda mais apoio entre os homens (14% concordam totalmente e 38% concordam) do que as mulheres (10/27), sendo que é entre o sexo feminino que está quem discorda (26% para 20% de homens), verificando-se um empate (21%) quando a resposta é discordo totalmente. Em termos etários, a faixa entre os 18 e os 34 anos é aquela que mais concorda totalmente (15%), mas também a que mais discorda (26%), aqui a par das pessoas com mais de 65 anos, que são também aquelas com uma maior percentagem (24%) entre quem discorda totalmente. O grupo entre os 50 e os 64 anos é aquele que mais respondeu concordar (35%). No geral, são os mais pobres, da classe D, que mostram ter uma opinião vincada neste assunto, surgindo à frente em todas as possibilidades (14% concordam totalmente, 28% discordam e 27% discordam totalmente), exceto os que apenas concordam, aqui dominado pelos mais ricos, da classe A/B (37%).
Os habitantes inquiridos da Área Metropolitana de Lisboa distinguem-se dos restantes por serem aqueles que menos concordam totalmente (10%) e os que mais discordam totalmente com a presença de militares portugueses na Ucrânia (26%), mas, paralelamente são os segundos que mais concordam (33%), logo a seguir à região Norte (38%), que é também aquela onde estão os que mais concordam totalmente (18%) e os que menos discordam totalmente (16%). De referir ainda que foi na zona Centro que foram recolhidas mais respostas discordo (29%) e no Sul e Ilhas onde menos concordam (24%).
Ficha Técnica
Objetivo do Estudo: Sondagem de opinião realizada pela Aximage – Comunicação e Imagem Lda. para o DN sobre intenção de voto legislativo e temas da atualidade política.
Universo: Indivíduos maiores de 18 anos residentes em Portugal.
Amostra: Amostragem por quotas, obtida a partir de uma matriz cruzando sexo, idade e região (NUTSII), a partir do universo conhecido, reequilibrada por género (2), grupo etário (4) e escolaridade (2). A amostra teve 601 entrevistas efetivas: 540 entrevistas CAWI e 61 entrevistas CATI; 291 homens e 310 mulheres; 129 entre os 18 e os 34 anos, 158 entre os 35 e os 49 anos, 157 entre os 50 e os 64 anos e 157 para os 65 e mais anos; Norte 203, Centro 131, Sul e Ilhas 79, Área Metropolitana de Lisboa 188
Técnica: Aplicação online – CAWI (Computer Assisted Web Interviewing) – de um questionário estruturado a um painel de indivíduos que preenchem as quotas pré-determinadas para os indivíduos com 18 ou mais anos; entrevistas telefónicas - metodologia CATI (Computer Assisted Telephone Interviewing) do mesmo questionário devidamente adaptado ao suporte utilizado, ao subuniverso utilizado pela Aximage nos seus estudos políticos. O trabalho de campo decorreu entre 6 e 8 de março de 2025.
Taxa de resposta: 74,39%.
Margem de erro: O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de + ou - 4,0%.
Responsabilidade do estudo: Aximage - Comunicação e Imagem Lda., sob a direção técnica de Ana Carla Basílio.