Portugal mantém três universidades entre as 500 melhores do mundo, mas há uma "alarmante queda nos resultados"
Portugal volta a marcar presença no ranking mundial das universidades publicado esta segunda-feira, 2 de junho, pelo Center for World University Rankings (CWUR). Entre as 2000 Instituições do Ensino Superior mais bem classificadas do mundo, 13 são portuguesas, com três delas entre as 500 melhores: Universidade de Lisboa (218.º lugar), Universidade do Porto (302.º) e Universidade de Coimbra (449.º). Mas o ranking mostra uma queda generalizada das instituições nacionais: só três melhoraram face ao ano anterior.
Nadim Mahassen , presidente deste Centro para os Rankings das Universidades Mundiais, considera que “Portugal está bem representado” neste ranking, mas adverte para uma “alarmante queda dos resultados das instituições académicas do país”, destacando “uma quebra na performance da investigação e a um apoio financeiro limitado por parte do Governo”.
“Enquanto vários países estão a colocar o desenvolvimento da Educação e da Ciência no topo da sua agenda, Portugal está a lutar para acompanhar o ritmo. Sem um financiamento mais forte e um planeamento estratégico, Portugal corre o risco de ficar ainda mais para trás no panorama académico mundial em rápida evolução”, sublinha o comunicado do CWUR.
Considerado uma das classificações universitárias mais abrangentes do mundo, o CWUR analisa 74 milhões de dados sobre qualidade da educação, empregabilidade dos diplomados, distinções do corpo docente e produção científica.
Nesta edição de 2025, o destaque nacional volta a ir para a Universidade de Lisboa, que mantém a liderança em Portugal, alcançando o 218.º lugar global – o que a coloca na 79.ª posição a nível europeu e entre o top 1,1% mundial. Perdeu sete posições face ao ano anterior, numa descida modesta que reflete pequenas quedas nos indicadores de educação (de 440.º para 456.º), empregabilidade (de 1303.º para 1354.º) e corpo docente (de 236.º para 243.º). O ponto forte continua a ser o da investigação científica, no qual a Universidade de Lisboa se coloca como a 185.ª melhor do mundo.
Já a Universidade do Porto foi, das três instituições portuguesas nas 500 melhores do mundo, a única que conseguiu subir alguns lugares face ao ranking anterior: cinco posições, para o 302.º lugar. Também na Universidade do Porto é a dimensão da investigação aquela que recolhe melhor classificação global (251.º), sendo, entre as três universidades portuguesas no top-500, a que apresenta melhor ranking de empregabilidade (805.º a nível global).
Quanto à Universidade de Coimbra, mantém um desempenho estável, com uma ligeira descida de sete posições, para 449.º. Continua a destacar-se pelo melhor desempenho nacional no critério de educação dos alumni (441.º), que reflete a reputação e o desempenho académico dos seus antigos alunos.
As restantes instituições portuguesas nesta lista incluem a Nova de Lisboa, que voltou a ficar perto do top-500 (534.º), a Universidade de Aveiro (601.º), a Universidade do Minho (641.º). Já fora das mil melhores universidades do mundo, temos ainda neste ranking CWUR as universidades do Algarve (1411.º), da Beira Interior (1465.º), o Instituto Politécnico do Porto (1587.º), a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (1589.º), o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (1599.º), a Universidade Católica Portuguesa (1660.º) e a Universidade de Évora (1737.º).
Destaque para o Politécnico do Porto, que registou a maior subida face ao ano anterior, de 133 lugares. De resto, só a Católica e a Universidade do Porto também melhoraram o respetivo ranking face ao ano passado, enquanto as restantes dez das 13 instituições portuguesas entre as 2000 melhores do mundo registaram descidas, com as universidades de Évora (-112 lugares) e do Algarve (-102) a apresentarem as mais acentuadas.
Sob ataque de Trump, Harvard lidera o mundo académico
No topo da tabela, sem surpresas, está novamente a Universidade de Harvard, que mantém a posição de número 1 mundial, com a pontuação máxima (100 pontos). Harvard lidera em todas as dimensões avaliadas: educação, empregabilidade, qualidade do corpo docente e investigação. É a instituição mais citada do mundo, com impacto inegável na produção científica global.
A reafirmação da liderança de Harvard acontece num contexto político particularmente sensível nos Estados Unidos, onde a universidade tem sido alvo de cortes de financiamento ditados pela Administração de Donald Trump, num polémico ataque do qual Harvard se tem tentado defender nos tribunais. Temas como a diversidade, as políticas de inclusão e a liberdade académica têm sido postos em causa, com acusações de antissemitismo e enviesamento ideológico. Ainda assim, a qualidade académica de Harvard ainda não cedeu às pressões externas, consolidando neste ranking a sua reputação internacional.
EUA dominam topo, mas China já lidera representação
O domínio norte-americano continua evidente no topo da tabela: oito das dez melhores universidades do mundo são dos EUA. Além de Harvard, surgem instituições como o MIT (2.º), Stanford (3.º), Princeton (6.º), Universidade da Pensilvânia (7.º), Columbia (8.º), Yale (9.º) e Chicago (10.º).
Mas se os EUA dominam nos lugares cimeiros, é a China que lidera agora em representação global, com 346 instituições entre as 2000 melhores – ultrapassando os EUA, que contam com 319. Seguem-se Japão (107), Reino Unido (89), França (71) e Rússia (43).
“Embora os Estados Unidos ainda ostentem as melhores universidades do mundo, o declínio da grande maioria das suas Instituições do Ensino Superior deve ser motivo de preocupação para a secretária de Estado da Educação dos EUA, Linda McMahon, e para o governo Trump em geral”, diz Nadim Mahassen, presidente do Center for World University Rankings, citado em comunicado.
O crescimento da China é sintomático de uma reconfiguração geopolítica no campo do conhecimento e da inovação, em que a Ásia, de forma mais ampla, assume protagonismo. O Japão, por exemplo, conta com 107 instituições no top-2000, sendo liderado pela Universidade de Tóquio, em 13.º lugar.
O Reino Unido é o único país europeu representado no top-10, com as tradicionais universidades de Cambridge (4.º) e Oxford (5.º). Cambridge está classificada como a melhor universidade pública do mundo pelo 12.º ano consecutivo.
Também na Europa, mas no território continental, a melhor universidade é a parisiense PSL University, em França (19.º lugar). A Universidade de São Paulo (118.º) é a melhor da América Latina, enquanto a australiana Universidade de New South Wales (52.º) lidera na Oceânia e a Universidade da Cidade do Cabo (275.º), na África do Sul, é a melhor classificada de África.