Portugal é porta privilegiada para o mundo na internet, diz estudo
ALAIN JOCARD / AFP

Portugal é porta privilegiada para o mundo na internet, diz estudo

Recentes investimentos em infraestruturas, aliados à posição geo-estratégica, dão ao país um invejável nivel de competitividade nas ligações de dados.
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Portugal é hoje um hub de interligações de dados, de internet, tanto para a Europa como para o resto do mundo, de acordo com um estudo do principal operado mundial Internet Exchange, a DE-CIX.

Isto foi conseguido através da posição geo-estratégica ímpar do país, aliado aos investimentos em infraestruturas para as redes informáticas realizados recentemente, nomeadamente através dos cabos submarinos e para a Europa.

Estes fatores fizeram, segundo o relatório, que pode ser consultado AQUI, com que os custos de ligações se tenham reduzido ao ponto de o país estar hoje, a este nível, tão competitivo quanto locais "históricos" europeus como Frankfurt, Londres, Amesterdão, Paris ou Estocolmo - grupo habitualmente conhecido por FLAPS.

O trabalho Portugal: A Global Interconnection Hub, a Gateway to Europe, a Gateway to the World foi encomendado pela DE-CIX por ocasião do quinto aniversário da presença em Portugal. 

Aí se pode ler que os preços da conetividade de trânsito IP (Internet Provider - fornecedor de internet) de Portugal caíram nada menos 65% desde 2016. O país desenvolveu ainda, destaca-se, um ecossistema próspero de cabos submarinos e terrestres, um forte investimento em centros de dados e uma duplicação do número de Internet Exchanges entre 2016 a 2024.

Tudo isto permite ligações rápidas, estáveis e, especialmente, com reduzido delay (baixa latência). "A localização estratégica da DE-CIX Lisboa minimiza a latência na troca de dados, apoiada por ligações diretas por cabos submarinos à América do Sul e ligações futuras à costa leste dos EUA. A baixa latência é crucial para os serviços digitais, frequentemente considerados a nova moeda da era digital”, diz Ivo Ivanov, CEO da DE-CIX, num comunicado enviado ao DN.

Esta ligação aos EUA será assegurada em breve com a instalação de um cabo submarino da Google, que amarrará em Portugal nos Açores e em Sines.

Tal como referido, é também a questão geográfica que dá ao país uma grande mais-valia para as ligações de dados globais que, lembre-se, se fazem na sua enorme maioria através de cabos físicos.

Até 2026, prevê-se que as iniciativas de amarração de cabos submarinos em Portugal se estendam a 115 estações de amarração de cabos em todo o mundo, estabelecendo ligações diretas por cabo com nada menos que 60 países nos cinco continentes e estendendo-se até à Austrália, afirma a tecnológica.

E a pequena dimensão de Portugal até joga a seu favor: as quatro principais estações de amarração de cabos internacionais e os três principais Internet Exchange (IX) de Portugal em Lisboa estão todos num raio de apenas 100 quilómetros, criando uma infra-estrutura de rede unicamente concentrada e interligada. Tecnicamente, a distância física entre os IX é relevante para conseguir melhor velocidade e menor latência.

Diz o relatório que, de 2016 até ao início de 2024, Portugal registou um aumento da velocidade média de ligação à Internet, passando de 12,6 Mbps (megabits por segundo) para 119 Mbps, um aumento de 844%. Este facto fez com que o país subisse 15 lugares no ranking mundial de velocidade média de ligação à Internet, passando da posição 37 para a 22.ª.

Portugal também registou uma diminuição de 20% no preço médio por megabit para os clientes finais e uma diminuição ainda mais acentuada nos preços de trânsito de dados, que caíram uns impressionantes 65% para os 26 cêntimos - o que compara com os 25 cêntimos em Espanha e 22 cêntimos na Alemanha. O país está assim bem posicionado em comparação com outros mercados muito competitivos.

Podemos, desta forma, ser vistos como uma promissora plataforma de interligação global, num mundo em que as redes de dados internacionais se perspetivam que cresçam ainda mais.

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