O chefe da diplomacia portuguesa afirmou hoje que os ministérios dos Negócios Estrangeiros português e iraquiano "têm agido com total boa-fé" no caso dos filhos do embaixador do Iraque, suspeitos de agressões a um jovem português.."As duas partes que têm aqui uma necessidade de relacionamento, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal e o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Iraque, têm agido até agora com total boa-fé", disse Augusto Santos Silva, quando questionado se o Governo está tranquilo em relação ao desenrolar do processo.."O Iraque pediu-nos informação, nós remetemos essa informação, nós pedimos ao Iraque diligências e o Iraque realizou essas diligências", afirmou, falando à margem do I Encontro de Investidores da Diáspora, que decorre em Sintra..O ministro insistiu que, neste momento, "as autoridades iraquianas têm toda a informação para tomar uma decisão definitiva sobre o pedido português de levantamento de imunidade diplomática, que é uma condição 'sine qua non' para que o processo judicial em Portugal possa prosseguir de forma a que possam identificar-se os responsáveis pelos factos que têm de ser apurados e, se for necessário, levar esses responsáveis à justiça"..Em causa estão os filhos do embaixador do Iraque em Lisboa, Saad Mohammed Ali, suspeitos de agressões a um jovem em Ponte de Sor, no verão passado. Para que os jovens possam ser ouvidos pelas autoridades judiciais, é necessário que o Iraque levante a sua imunidade diplomática, mas a administração iraquiana recusou o primeiro pedido de Portugal nesse sentido..No passado dia 07, Santos Silva chamou o embaixador iraquiano e renovou o pedido de levantamento de imunidade diplomática, no mesmo dia em que a Procuradoria-Geral da República considerou imprescindível essa medida, para que os dois jovens possam ser ouvidos em interrogatório e enquanto arguidos para o esclarecimento dos factos..Portugal aguarda agora uma "resposta definitiva" a este pedido, tendo dado um prazo de 20 dias úteis que, para o Ministério dos Negócios Estrangeiros, termina às 24:00 de dia 05 de janeiro..Na terça-feira passada, os dois irmãos iraquianos viajaram, de avião, para Istambul, sem que o Governo português tivesse sido informado disso..Em resposta a um pedido de esclarecimento da diplomacia portuguesa, a embaixada iraquiana afirmou, nesse dia, ter enviado uma comunicação para o Palácio das Necessidades, mas o gabinete de Augusto Santos Silva anunciou ter recebido na quarta-feira uma nota verbal a informar sobre a ausência do país do embaixador e família entre os dias 14 de dezembro e 05 de janeiro..Esta quinta-feira, o governante disse à Lusa que a viagem do diplomata iraquiano "não tem nada a ver" com a resposta das autoridades iraquianas ao pedido português.."Esperamos uma resposta das autoridades iraquianas. Pedimos às autoridades iraquianas que remetessem essa resposta definitiva, porque agora já têm todos os elementos. O Ministério Público libertou parte importantíssima dos elementos do processo", disse o governante, à entrada para um encontro na Associação Comercial de Lisboa..A agressão aconteceu a 17 de agosto, quando o jovem Rúben Cavaco foi espancado em Ponte de Sor, no distrito de Portalegre, alegadamente pelos filhos do embaixador do Iraque em Portugal, gémeos de 17 anos..O jovem sofreu múltiplas fraturas, tendo sido transferido no mesmo dia do centro de saúde local para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, chegando mesmo a estar em coma induzido. O jovem acabou por ter alta hospitalar no início de setembro..Os dois rapazes suspeitos da agressão têm imunidade diplomática ao a