Portugal com recorde de mortes e mais 5604 novos casos de covid-19
É um novo recordes de mortes por covid-19 em 24 horas. Portugal contabiliza esta segunda-feira mais 122 óbitos e 5604 novos casos, de acordo com os dados do boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).
É o número de mortes mais alto desde o início da pandemia, em março de 2020, e supera os 118 mortes reportados no dia 8 de janeiro. São mais 24 do que o máximo registado no ano passado (98 a 13 de dezembro).
Portugal totaliza até agora 489 293 casos e 7925 mortes. Desde o início do ano já foram reportados 75 615 novas infeções. Ou seja em 11 dias, o país registou cerca de um sétimo do total de contágios.
Há, atualmente, 109 312 casos ativos de covid-19 no país, mais 2 534 do que há 24 horas. Os recuperados subiram para 372 056 (76% de todos os infetados) depois de mais 2948 terem sido dadas como curadas. Sob vigilância estão 120 292 contactos, mais 3082 do que no domingo.
Esta segunda-feira há um decréscimo no número de casos por comparação com os valores de domingo (menos 1898 novas infeções), mas os internamentos, nomeadamente em cuidados intensivos, continuam a aumentar. Nesta altura há 3983 doentes internados, mais 213 que na véspera - nas últimas 24 horas quase nove pessoas foram internadas a cada hora -, sendo que há 567 pessoas em cuidados intensivos (mais 9 do que no dia anterior).
Este é o 11.º dia consecutivo em que os internamentos em UCI aumentam e o 10.º dia em que há uma tendência de aumento no número de internados, estabelecendo novos máximos desde o início da pandemia.
Em termos geográficos, a região de Lisboa e Vale do Tejo lidera o número de novos casos (2158), o que representa 38,5% do total de novas infeções, sendo também a área com mais óbitos: 47. Na região norte há registo de 1498 novos casos e 34 mortes.
Na região Centro há mais 997 casos e 28 mortes e no Alentejo mais 519 infeções e 9 óbitos, enquanto no Algarve registaram-se mais 233 casos e 4 mortes. Relativamente às regiões autónomas, Madeira e Açores reportaram mais 61 e 138 casos, respetivamente, e sem óbitos a registar.
A ministra da Saúde, Marta Temido, reconheceu esta segunda-feira que Portugal vive uma situação "mais pesada e complexa" no controlo da pandemia de covid-19 face aos dois picos anteriores e avisou que "é indispensável" um novo esforço adicional.
"Estamos numa situação mais pesada e complexa do que as duas anteriores que passámos, mas estamos também num momento em que começamos a perspetivar aquilo que serão os resultados da vacinação, que só se alcançarão num prazo de vários meses. Mais um esforço adicional é indispensável para ultrapassarmos esta fase", afirmou a governante, em Lisboa, à saída de uma reunião com a taskforce constituída para a coordenação da vacinação.
O trabalho de identificação de pessoas segundo a idade e respetivas comorbilidades continua em curso, de acordo com a ministra, bem como a preparação de eventuais centros de vacinação adicionais, com o intuito de acelerar o processo de vacinação. A ministra acrescentou ainda que o país tem integrado todos os processos europeus de aquisição de vacinas.
"O país já manifestou o seu interesse nas quantidades adicionais que foram noticiadas e em outras que estão em discussão. Precisamos de continuar com o nosso esforço conjunto de aquisição de mais quantidades e depois completar o processo pela efetiva distribuição e administração", referiu, aludindo à reserva pela Comissão Europeia de mais 300 milhões de doses, das quais Portugal teria direito a cerca de seis milhões, sendo que já foi contratualizada a aquisição de 22 milhões de doses.
O crescimento exponencial do número de casos na última semana ficou também marcado por um aumento do número de surtos em lares de idosos. Questionada sobre os efeitos que essa situação está a ter no processo de vacinação, Marta Temido admitiu uma corrida contra o tempo, já que as estruturas onde se registam surtos ficam fora neste momento de vacinação.
A governante apelou ainda às pessoas que se mantenham seguras, numa fase em que existe "uma enorme pressão sobre o sistema de saúde devido aos novos casos".
O confinamento já é dado como inevitável, mas o presidente da Associação dos Médicos de Saúde Pública diz que não basta. É preciso o reforço de recursos humanos prometido para se travar cadeias de transmissão, pois "só assim se evita mais infetados".
Ricardo Mexia, que desde o início da pandemia tem vindo a reivindicar mais recursos para a área da saúde pública, diz ser "exasperante andar a dizer o mesmo há dez meses", mas a verdade, sublinha, é que esse reforço nunca chegou às unidades. E se já não havia capacidade para concluir os inquéritos epidemiológicos - que são a única forma de se travar as cadeias de transmissão e impedir que mais pessoas fiquem infetadas - com os números que tínhamos antes do Natal, "agora muito menos".
As vacinas contra a covid-19 desenvolvidas pela farmacêutica Moderna chegam a Portugal esta semana e vão ser alocadas a profissionais de saúde prioritários do setor privado, afirmou esta segunda-feira a ministra da Saúde, Marta Temido.
"Prevê-se que a companhia Moderna faça uma entrega de 8400 doses esta semana, ainda em data a confirmar", começou por dizer a governante, acrescentando: "Iremos afetá-las a profissionais de saúde prioritários de hospitais privados que têm colaboração com o SNS no tratamento e nas respostas a doentes covid".
Em declarações aos jornalistas após uma reunião com a taskforce responsável pela coordenação do processo de vacinação, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, Marta Temido adiantou ainda que está prevista uma segunda entrega da nova vacina - que se junta à da Pfizer-BioNTech na campanha de vacinação - para o dia 25 de janeiro.
Questionada sobre as diferenças entre as duas vacinas disponíveis nesta primeira fase de administração na população, a ministra da Saúde esclareceu apenas que a vacina da Pfizer pode ser administrada a pessoas a partir dos 16 anos e que a da Moderna ocorre em pessoas com mais de 18 anos, sendo seguida a recomendação de não haver alteração de marcas entre primeira e segunda doses.
Marta Temido fez ainda um balanço do processo de vacinação, no qual revelou que até ao final do dia de sexta-feira tinham sido "vacinadas 74 099 pessoas, entre profissionais do Serviço Nacional de Saúde, profissionais do hospital das forças armadas, profissionais do Instituto Nacional de Emergência Médica e profissionais e residentes em estruturas residenciais para idosos e unidades de cuidados continuados".
Segundo a ministra, o país recebeu "159 900 vacinas Pfizer entre os dias 26 de dezembro e 4 de janeiro", das quais cerca de 140 400 ficaram no continente - sendo que 67 160 foram distribuídas e 73 240 foram reservadas - e 19 500 seguiram para as regiões autónomas da Madeira e dos Açores.