As grávidas de baixo risco referenciadas para o Hospital de Santa Maria poderão nos próximos dias passar a ser reencaminhadas para hospitais privados - uma medida que pretende assegurar uma assistência "com qualidade e segurança", segundo o Ministro da Saúde, Manuel Pizarro..Admitindo que "existe uma situação de conflitualidade que agravou o funcionamento do serviço" de Ginecologia e Obstetrícia do Santa Maria, Manuel Pizarro assegura que o Governo está a trabalhar para "ultrapassar esse clima" que está instalado e "arranjar uma solução mais estável"..Ainda que não esteja satisfeito com a novidade, visto que pretendia que "essa conflitualidade não existisse e que não houvesse necessidade de recorrer ao serviço de terceiros", o ministro apelou às utentes para se sentirem tranquilas nesta realidade temporária, que será realizada através dos meios de transporte do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) e do INEM, em parceria com a Direção Executiva (DE) do SNS e com o Centro de Orientação de Doentes Urgentes..A nova estratégia, já em vigor, surge na sequência da "indisponibilidade de prestação de trabalho extraordinário acima das 150 horas anuais assumida por médicos do departamento e da [recente] demissão de chefes de equipa da Urgência de Obstetrícia e Ginecologia", de acordo com um comunicado do CHULN..Nesse sentido, as equipas do Hospital de Santa Maria continuarão a realizar os partos de alto risco, mas "por uma questão de previsibilidade para as famílias acompanhadas no CHULN, foi acionado o mecanismo extraordinário de colaboração com instituições privadas, previsto no plano sazonal de verão "Nascer em segurança no SNS"".."As grávidas que procuram o Santa Maria vão ser adequadamente tratadas no próprio Santa Maria, se a situação clínica o justificar, ou, num hospital privado, para onde nós enviaremos as pessoas com todo o acompanhamento, se for adequado", explicou o ministro.."O sistema está organizado e a funcionar com tranquilidade", sublinhou, referindo um caso de uma grávida que foi transferida, no domingo, do Hospital de Santa Maria para uma maternidade privada. Questionado sobre a possibilidade de este sistema ser replicado para outras zonas do país, Manuel Pizarro indicou que a tutela apenas identificou "essa dificuldade na região de Lisboa e Vale do Tejo" e que "as outras maternidades têm funcionado de forma adequada"..A decisão de encaminhar grávidas de baixo risco para hospitais do setor privado "deve-se a um conjunto de más decisões por parte do Conselho de Administração", acusa a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) em comunicado..Para a FNAM, o "ambiente de conflito e a falta de democracia interna" que "não tem permitido a resolução do ambiente de conflito que se vive no Hospital de Santa Maria" levaram a esta decisão, que consideram ser "apressada e desajeitada", visto que as obras "não irão começar num futuro próximo".."O afastamento dos responsáveis pelo serviço, as ameaças de cancelamento de férias e outras represálias, como o não pagamento de horas extraordinárias, perante a união dos médicos do serviço de ginecologia-obstetrícia, têm dificultado encontrarem-se as soluções para uma transição eficaz do bloco de partos para o Hospital São Francisco Xavier, durante as obras no Hospital de Santa Maria", pode ler-se na nota..Por esse motivo, a Federação Nacional dos Médicos alerta que "a paciência" tem "um limite", sendo necessário "implementar um regime democrático e de cooperação" que será "essencial para permitir as condições de trabalho necessárias que garantam os melhores cuidados de saúde e de segurança para as utentes"..Durante este verão, a área materno-infantil do CHULN vai sofrer obras de requalificação, num investimento superior a seis milhões de euros, com um prazo de execução de nove meses. A remodelação em curso prevê a construção de 12 novos quartos de parto, dois blocos operatórios e uma sala de observações, num total de cerca de mil metros quadrados de área nova a ser construída..Está também prevista a remodelação e ampliação do internamento de puérperas (período desde o parto até ao restabelecimento das mães), a remodelação das instalações para a ecografia obstétrica e a expansão do Serviço de Neonatologia. Dado estas obras estarem previstas para os meses de agosto e setembro, os serviços do bloco de partos do Hospital de Santa Maria ficarão entregues ao Hospital S. Francisco Xavier, que a partir de 1 de agosto volta a funcionar de forma ininterrupta sete dias por semana..Para esta semana estão previstas reuniões com os sindicatos dos médicos, de forma a encontrar-se um entendimento entre a tutela e a classe médica. Já nos dias 25, 26 e 27 deste mês aguarda-se a nova greve nacional convocada pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM). Está, ainda, agendada uma greve nacional dos médicos internos para 16 e 17 de agosto..Com Lusa