Pixel 9 Pro XL. O smartphone que já deixou pessoas de boca aberta
Um jornalista com telemóvel novo entra num bar… Perdão. Um jornalista, cansado ao fim de um dia de trabalho, entra na casa de amigos – que é um bar –, que têm a amabilidade de já depois das 2.00 da manhã ainda lhe fazerem qualquer coisa para comer – e diz ao João Camacho, gerente e bartender que percebe imenso de fotografia: “Tenho aqui o novo Pixel, da Google, para vermos como é que ele tira fotos quase sem luz”.
“Boa. Já te faço uma coisa bonita para tirar a foto”, responde. E, passados uns minutos, está a pôr em cima da mesa um Vesper – o cocktail do James Bond – num belo copo estriado. Ora que bem: a pouca luz existente dispersa-se pelo vidro e bebida, toda a iluminação é difusa e multicolorida, os neons das marcas de bebidas que adornam as paredes do estabelecimento (alguns vintage) refletem nos mais inesperados locais… Sem dúvida, um desafio para as câmaras do Pixel 9 Pro XL.
Desde que a Google decidiu entrar com marca própria no mercado de hardware de smartphones, há nove anos, que os seus telemóveis se distinguem pelas capacidades fotográficas, em especial pela utilização de algoritmos de forma a extrair mais informação dos sensores – ou complementar a captada pela câmara. E, de facto, em especial nas mais recentes gerações através de avançados modelos de Inteligência Artificial, o gigante da internet tem criado telefones capazes de captar e criar imagens de qualidade surpreendente.
No Pixel 9 Pro e no Pro XL (que testámos) a Google afirma ter instalado o “melhor sistema de câmara de sempre”, como aliás escrevemos já neste espaço. Trata-se de uma câmara tripla que oferece sistemas de zoom que, diz o fabricante, têm “desempenho com qualidade ótica de 0,5x, 1x, 2x, 5x e 10x”. Isto porque o sistema de lentes utiliza a teleobjetiva para fazer zoom ótico até 5x e depois, entre a conjugação de lentes e os sensores de 50 e 48 megapíxeis presentes a IA, retira a equivalente imagem como se se tivesse lentes mais potentes. E na prática?...
Quartzo rosa e um aspeto ainda mais sólido
Já lá vamos, porque os olhos também comem e há que referir que esta nona geração do Pixel consegue ter um aspeto ainda mais luxuoso do que a anterior.
A Google afirma que este modelo é “duas vezes mais resistente” do que o anterior. Ao toque, sente-se de facto mais sólido, de alguma forma. Não que o 8 Pro seja um aparelho frágil, que se dobre facilmente ou com aspeto “barato”. De todo! Mas o 9 eleva a fasquia – é mais “rijo”, ainda que para isso ganhe um formato mais ligeiramente em “caixinha” (mantendo no entanto todas os cantos e arestas arredondados).
Muito agradável é a nova cor quartzo rosa, que foi aquela da unidade que estamos a testar. Um acabamento original, que não “atrai” dedadas e é chamativo q.b. sem ser ostensivo.
Um XL que não o é verdadeiramente
Aproveitemos a oportunidade para esclarecer que apesar de a Google designar este modelo “XL”, na prática ele não é muito maior do que o Pro do ano passado. Como anunciado, os 9 são apenas uma polegada maiores do que os 8 (ecrã de 6,8 polegadas vs. 6,7’’ do ano passado no caso do XL/Pro 8; 6,3’’ no Pro 9 e no 9 “normal” contra 6,2’’ no modelo mais pequeno da geração anterior).
Esta polegada a mais na diagonal de ecrã faz com que o telefone deste ano fique apenas alguns milímetros mais “largo” e mais “alto” do que o do ano passado, mas sem perder o conforto na utilização.
Assim, mais do que a linha Pixel ter um “XL”, o que oferece agora é um modelo com as características Pro nas dimensões do telefone “normal”. Teria possivelmente sido mais lógico chamar-lhes Pro e Pro+, mas talvez tenham considerado que essas designações já estavam gastas…
Tirar a foto e aparecer nela não é magia, é tecnologia
A navegação na app da câmara do Pixel é intuitiva, mas a Google nesta geração incluiu novos tutoriais ainda mais simples de seguir, especialmente bem-vindos para as novas ferramentas.
A mais espantosa é a mais inovadora: o Adiciona-me. Tal como prometido, é um muito simples sistema guiado de sobreposição de duas fotos em que o utilizador tira uma foto de grupo (deixando espaço para si próprio) e depois passa o telefone a um(a) amigo(a) que tira segunda foto, agora com o “fotógrafo” original no plano. A IA gera uma terceira imagem sobrepondo-o de forma realista na foto original.
Nós, no Janus, o bar de amigos na Costa da Caparica – e já depois de saciar a fome mesmo no que seria a desoras para as pessoas comuns –, conseguimos, num ápice, fazer com que o jornalista tornado fotógrafo ficasse na foto e no espelho a fotografar-se. E logo houve quem por causa disso ficasse boquiaberto…
Zoom, zoom e Macro no zoom!
Uma das características típicas dos Pixel é a (excelente) definição da IA para equilibrar automaticamente brancos e conseguir assim cores “naturais”. Num ambiente particularmente escuro e com luzes multicolores como aquele em que estávamos, tentámos levar o 9 Pro X ao limite da sua compreensão do que estava em seu redor.
E não conseguimos. Mesmo com ISO elevadíssimos – fotos muito granuladas, dada a pouca luminosidade presente – e até sob luzes multicores rotativas, a câmara conseguiu sempre resolver tons de pele (na parte em que esta era iluminada naturalmente) e apresentar imagens próximas daquilo que os nossos olhos viam na realidade. Tudo, sempre, sem utilização de flash.
Mas a coisa que ainda mais nos impressionou foi a aplicação prática do prometido zoom “até 30x”, bem como a rapidez e precisão da aplicação automática da Macro (focagem a muito curta distância) conseguida pelo telefone.
Aliás, rapidez é algo por de mais evidente em tudo o que fizemos neste telefone ao longo da última semana, o que demonstrou bem a eficiência do novo processador Tensor G4. Absolutamente nada a reclamar.
Como é normal neste tipo de aparelhos, basta aproximar ao objeto a focar que ele entra automaticamente em Macro quando “percebe” que tal é necessário. No entanto, o que nos espantou foi a capacidade – e velocidade – de o fazer mesmo em zoom. Há um detalhe pequenino na imagem que não se percebe o que é? Faz-se zoom e o telefone consegue resolvê-lo no ecrã em instantes.
A ajudar à qualidade fotográfica nestas circunstâncias está o facto de o 9 Pro utilizar novos algoritmos de IA para interpretar os píxeis presentes na imagem e, assim, melhorar o próprio zoom digital.
Astrofotografia superior à geração anterior
De notar que o Pro 8 já tinha uma boa capacidade para realizar este tipo de tarefa – incluindo um zoom ótico/digital que chegava às 30x, com focagem Macro. Mas o 9 Pro está imensamente mais rápido.
No que esta geração também melhora é a astrofotografia. A típica “foto da Lua”, que fizemos sem recurso a qualquer tripé, ficou com ainda maior detalhe do que com o Pixel 8 Pro.
“Enquadramento mágico” e mais geração de conteúdo
Outra nova ferramenta é o Enquadramento Automático, no Editor Mágico, que agora pode utilizar IA generativa para criar conteúdo onde ele não existe de forma a criar novos enquadramentos nas fotos.
Dito de outra forma: o sistema é capaz de transformar uma foto em formato panorâmico numa imagem vertical criando os elementos necessários em cima e em baixo que não existiam antes de forma realista. Muito interessante!
Ainda nas ferramentas "mágicas", destaque também para a introdução do Reimagine - uma nova forma de aplicação de IA generativa.
O sistema é de simples utilizaão, ainda que nesta fase esteja limitada à língua inglesa: selecionando a área da foto que se pretende "intervencionar" (como se faz com a Borracha Mágica, por exemplo), depois descreve-se em texto que tipo de conteúdo se pretende para aquela zona: uma paisagem, uma explosão solar, espaço sideral...
A IA rapidamente gera quatro opções diferentes para que o utilizador escolha um, em qualidade fotorrealista e alta resolução, claro.
Abre-se assim mais vários universos em que o limite é a nossa imaginação.
Gemini em todo o lado
Os Pixel 9 vêm com o Google Gemini, a mais avançada IA do gigante do software norte-americano, no lugar do tradicional Assistant. A interação é de facto muito mais sofisticada e satisfatória (já o estávamos a utilizar no Pixel 8 há alguns meses), especialmente se se optar pela versão (paga) Advanced.
Neste último caso, as respostas do Gemini são bastante precisas, tanto em inglês como em português (escreveremos mais sobre isso brevemente). Recomendamos.
Esta IA da Google vai-se introduzindo em praticamente todos os serviços da marca, desde ajudar nas buscas a automatizar e-mails, ajudar a escrever mensagens, etc. Mas é na forma de encontrar as respostas certas ao que procuramos, em especial no conhecido serviço Circundar para Pesquisar (no qual se lança uma pesquisa selecionando qualquer coisa no ecrã do telefone) que a utilidade é maior.
Ainda outras melhorias que esta geração do Pixel introduz, como um sistema de Video Boost (otimizados através da “nuvem” de vídeos até ultra-HD) que se promete mais rápida – pela nossa experiência, só ligeiramente; o sensor de impressões digitais ultrassónico que é alegadamente mais preciso – talvez, mas na realidade nunca tivemos problema com o anterior; e a chegada a Portugal da medição corporal do termómetro incluído no telefone (que o tornará mais útil) e por fim a disponibilização da VPN gratuita da Google – mas ambos os serviços só estão prometidos para amanhã, quinta-feira 22, pelo que não chegam a tempo deste texto.
Resta assim uma pergunta: é este novo 9 Pro suficientemente evoluído para quem comprou o 8 Pro há um ano ir a correr trocar? A não ser que surja algum método de retoma que torne a troca quase gratuita (ou seja daquelas pessoas que tem MESMO de utilizar o último grito da tecnologia), não. O 8 Pro continua a ser um aparelho sólido, era até praticamente ontem a nossa câmara de telemóvel de referência.
Agora se andou este último ano na dúvida se haveria ou não de entrar neste comboio dos Pixel… O 9 Pro (o XL seguramente, o “normal” é suposto ter as mesmas características) é um telefone incrível e o único capaz, como o foi o seu antepassado, de fazer algumas coisas que parecem magia. Independentemente do investimento elevado (os preços começam nos 920 euros para o 9 “normal”, 1120 para o “pro” e 1220 para o XL)... Mesmo muito recomendado.