Argelinos sem visto que invadiram a pista tinham bilhetes para Cabo Verde

Aeroporto de Lisboa encerrado durante mais de meia hora. Suspeitos não revelam ligações a grupos terroristas

O grupo de argelinos que ontem obrigou a encerrar o aeroporto de Lisboa tinha bilhetes com destino a Cabo Verde e nenhum dos indivíduos tinha visto, quer para Cabo Verde, quer para permanecer em Portugal.

O Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, foi obrigado a encerrar durante mais de meia hora, ontem à noite, depois de quatro homens terem invadido a pista. Cinco argelinos que tinham chegado num voo que aterrou na Portela às 19.34, vindo de Argel, conseguiram escapar ao controlo e aceder a zonas interditas do aeroporto - quatro conseguiram mesmo chegar à pista, onde acabariam por ser detidos após uma breve perseguição.

Ao contrário do que tinha sido avançado, não foram seis mas cinco os argelinos envolvidos neste incidente. Um sexto indivíduo que se pensou estar relacionado com os restantes estava apenas em trânsito em Lisboa e ia apanhar um voo de ligação. O único do grupo de cinco homens que não chegou à pista do aeroporto está detido pelo SEF e será repatriado ainda durante este domingo, apurou o DN. Nenhum dos cinco tinha visto de entrada em Portugal, o que terá estado na origem da tentativa de fuga.

O DN sabe que as autoridades estão quase certas de que se trata de uma tentativa de imigração ilegal: os bilhetes de avião dos argelinos tinham como destino oficial Cabo Verde e, por essa razão, as autoridades não lhes solicitaram vistos para Portugal quando embarcaram em Argel. A ideia seria tentarem escapar para Lisboa logo após a aterragem ou, caso chegassem a embarcar para Cabo Verde - e uma vez que também não tinham autorização para lá permanecer - serem depois repatriados para Portugal, onde voltariam a tentar a fuga.

O porta-voz do Comando Metropolitano de Lisboa da Polícia de Segurança Pública (PSP) afirmou este domingo, já depois da meia-noite, aos jornalistas que "quatro cidadãos estrangeiros" foram detidos às 19.40 para serem ouvidos pelas autoridades, depois de se terem posto "em fuga" na zona de desembarque por uma porta de serviço. Os quatro cidadãos, cuja nacionalidade argelina não foi confirmada, irão a tribunal amanhã, avançou ainda o comissário da PSP Hugo Abreu, no Aeroporto Humberto Delgado.

Um dos suspeitos teve de ser transportado para o Hospital de Santa Maria, já que ficou ferido durante a perseguição. A PSP referiu apenas que um dos suspeitos recebeu "assistência médica" por apresentar "ferimentos ligeiros".

Segundo as informações recolhidas, o grupo estaria então a tentar entrar no país de forma ilegal, para escapar ao controlo de passaportes. O DN sabe que não foi a primeira vez que uma situação destas ocorreu no Aeroporto Humberto Delgado, todas elas associadas a casos de imigração ilegal.

Os documentos com que os cinco homens detidos viajavam e que as autoridades, por enquanto, acreditam ser verdadeiros, não revelaram nas primeiras averiguações efetuadas pelas autoridades portuguesas qualquer ligação a grupos terroristas. Depois de confirmada a nacionalidade argelina dos detidos, as autoridades entraram em contacto com as suas congéneres daqueles país. A investigação ainda decorre e já há contactos com as autoridades argelinas.

O encerramento da pista, por 34 minutos, às 20.00, obrigou várias companhias a desviar alguns voos com aterragem prevista na Portela para o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, e para o de Faro. Segundo confirmou ao DN o porta-voz da TAP, André de Serpa Soares, a companhia aérea portuguesa foi uma das que tiveram de desviar voos para as duas cidades.

"As operações estiveram encerradas durante 34 minutos e alguns voos foram desviados para Faro e para o Porto", confirmou o porta-voz da ANA - Aeroportos de Portugal, Rui Oliveira, à Lusa. De acordo com um passageiro de um dos voos desviados para o Porto, o comandante comunicou que não ia aterrar em Lisboa "por se encontrarem na pista pessoas não identificadas que obrigaram a suspender o movimento dos aviões".

O mesmo problema esteve na origem de alguns atrasos em voos com partida da Portela na noite de ontem. Algumas centenas de pessoas ficaram retidas dentro de aviões que estavam a aguardar autorização para descolar. À hora de fecho desta edição, havia ainda centenas de pessoas à espera no aeroporto, apesar de a situação já estar normalizada. Com P.J. e M.P.

Notícia atualizada às 13:30

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