Pessoas que procuram Alcoólicos Anónimos aumentam e são mais jovens

Há cada vez mais pessoas de “um escalão etário mais novo” a procurar as reuniões de grupo de Alcoólicos Anónimos (AA) em Portugal. A perceção é partilhada por Carlos, servidor de informação pública dos AA Portugal. “Não há dados” concretos que justifiquem este aumento, mas Carlos não descarta que a pandemia de covid-19 possa ter tido um papel neste fator.Até porque “muitas das pessoas vêm diretamente às reuniões online” que os AA Portugal disponibilizam e, desde essa altura, que o número de pessoas que precisam de ajuda “está a crescer”, algo que se pode justificar precisamente pelas reuniões online, em que Portugal foi “pioneiro”. É para debater estas perspetivas que, entre esta sexta-feira e domingo, a associação faz a sua 29.ª Conferência de Serviços Gerais. Realizada em Fátima, a reunião não é exclusiva a Portugal, como explica Céu, secretária dos AA Portugal. “Existe cá como noutros países e é composta pelos representantes das áreas, que são os delegados, representantes destas áreas e de cada um dos grupos. Durante estas conferências partilham-se experiências e sensibilidades sobre o que aconteceu durante o ano, começando também a definir as diretrizes para o próximo ano”, explica a responsável.Mas há também a inclusão de pessoas de fora, os chamados “amigos dos AA”. “Não são alcoólicos”, explica Céu, “normalmente, são pessoas que pertencem à classe médica, psicólogos ou psiquiatras. Também já houve membros do Clero, atualmente há também uma jornalista”. A intenção, agora, é “que haja também um jurista, para se poderem abarcar várias áreas da sociedade”. Normalmente, “estas pessoas que pertencem à classe médica trabalham na área das adições e são quem representa os AA em situações onde é preciso dar a cara”, porque “não se quebra o princípio do anonimato”, clarifica a responsável.E há também os chamados “observadores” em cada uma destas conferências. Estas pessoas “não intervêm” e o número pode variar, tendo aumentado nos últimos encontros. Em tempos, diz Céu, “houve companheiros de Espanha, que foram apadrinhados” pelos AA portugueses - que também já foram convidados para encontros no Reino Unido, enquanto observadores.Comunidade com “cercade 700 ou 800 membros”Para aferir em que ponto de situação está o alcoolismo em Portugal, os AA fazem, a cada seis anos, “uma sondagem”, de preenchimento voluntário, que permite “fazer um levantamento” e um primeiro retrato da situação no país. Atualmente, revela Céu, a estimativa é que a comunidade tenha “cerca de 700 ou 800 membros”. Esta é a “sensibilidade” que Céu tem como base “nos eventos, fóruns e convenções” que os AA em Portugal fazem. “Mas não temos a certeza”, admite Céu.Apesar de o trabalho ser feito no território nacional, os AA em Portugal já têm grupos destinados a outras nacionalidades. Por exemplo, no Algarve, “existem grupos de língua inglesa”, não só pelas “pessoas estrangeiras que cá residem”, mas, até, para que “quem venha de férias tenha sempre um grupo, uma reunião à espera, caso necessite”. Além do inglês, há ainda um “grupo de língua russa” no Algarve e em Lisboa.Independentemente do idioma, o foco, como frisa Carlos, “é sempre o de ajudar quem procura” estes grupos dos AA. “Concentramo-nos só nisso mesmo. Não somos contra o álcool, não temos nada contra. Focamo-nos apenas e só em proporcionar um espaço seguro para quem tem essa problemática, que possa conhecer a forma como lidamos com esta doença. Cooperamos com diversas instituições e tentamos divulgar casos e o que é o nosso programa. Os membros partilham, realmente, o quanto a sua vida tem mudado pela prática do programa de AA. Só queremos ajudar os alcoólicos a parar de beber e a manterem a sobriedade.”.Alcoólicos Anónimos. Pedidos de ajuda duplicaram na pandemia.Com 24 anos de Alcoólicos Anónimos Maria deixou de beber e recuperou o riso

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