A guerra na "terra santa" sobrepôs-se a todos os temas que faziam parte do alinhamento para este 13 de outubro, em Fátima. Nas cerimónias desta noite (12) são incluídas nos momentos de oração preces específicas pela paz em Israel e na Palestina, ritual que deverá repetir-se na manhã de sexta-feira (13), durante a peregrinação internacional aniversária, presidida pelo novo cardeal e bispo de Setúbal, Américo Aguiar.."É inevitável que o tema da guerra volte a estar presente. Tínhamos o drama da Ucrânia, agora temos o drama em Israel, na terra santa, e nos territórios palestinianos. São questões que nos preocupam e às quais não podemos de modo algum ficar indiferentes", afirmou o reitor do Santuário, Carlos Cabecinhas, num encontro com a imprensa que decorreu algumas horas antes das celebrações. Desta vez, o padre apareceu sozinho, perante a "indisponibilidade de agenda" do presidente das celebrações, e do próprio bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas, que se encontra em Roma, a participar no Sínodo dos Bispos. Já Américo Aguiar chega a Fátima pouco antes de iniciar a missa, regressando de uma visita ao Santuário de Nossa Senhora do Pilar, em Espanha.."Quando convidámos o néo-cardeal D. Américo ele ainda não era cardeal e o objetivo era manter o tema da Jornada Mundial da Juventude presente no horizonte da Igreja em Portugal, e de Fátima", afirmou Carlos Cabecinhas. "Foi um momento muito especial e que não queremos deixar perder", sublinhou, justificando assim a escola do então bispo auxiliar de Lisboa, agora bispo de Setúbal..Esta não é a primeira vez que Américo Aguiar preside a uma peregrinação aniversária. Em 2020, no auge da pandemia, foi ele quem celebrou a insólita cerimónia para cerca de 100 pessoas presentes no recinto. Desta vez são aos milhares, como sempre. Esta é, de resto, a última grande peregrinação do ano, que assinala a 6.ª Aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos. Para estes dois dias estão inscritos 105 grupos de 32 países. A Itália, com 19 grupos, lidera a presença de peregrinações organizadas para esta peregrinação, que decorre na Cova da Iria..No primeiro ano depois do fim da pandemia por covid-19, o Santuário de Fátima ainda não regressou aos números de 2019, em matéria de afluência de peregrinos. Porém, os últimos dados recolhidos pelos serviços deixam antever essa "recuperação". Entre o final de maio e o dia 10 de outubro passaram pelo recinto de oração 4,4 milhões de pessoas. "Em 2022 notámos uma recuperação enorme em relação aos tempos da pandemia, mas ficámos ainda aquém daquilo que eram os números de 2019", revelou o reitor do Santuário. Carlos Cabecinhas aponta, contudo, a recuperação conseguida no domínio dos grupos estrangeiros. Um total de 3.107 grupos de 95 países ao longo deste ano, 1417 grupos da Europa e 295 grupos da Ásia, correspondentes a 16 países, com a Coreia do Sul à cabeça.."Antes da pandemia a Coreia tinha grupos todas as semanas aqui em Fátima. Desapareceram completamente no tempo da pandemia. Mas este ano temos já 50 grupos de lá", revela o padre Cabecinhas..Espanha continua a ser o país que lidera na presença de grupos estrangeiros em Fátima, logo seguida de Itália, lugar que já foi a Polónia, em tempos. Outro dado referido pelo reitor foi a presença de muitos grupos vindos dos Estados Unidos da América. "Em termos de grupos organizados, vieram de lá quase tantos como Espanha", frisou..Mesmo em tempo de guerra, da Ucrânia vieram a Fátima vários grupos: 14 no total, com 2.460 peregrinos. "É certo que poderá sempre haver um número mais alargado de grupos, mas o Santuário apenas contabiliza os que se inscrevem nos serviços", enfatiza Carlos Cabecinhas..A assembleia geral do sínodo dos bispos - que decorre neste momento, em Roma - estará na ordem do dia nesta peregrinação aniversária, ainda no rescaldo da JMJ. De resto, os paramentos utilizados durante as celebrações de Fátima serão os que foram desenhados especialmente para o evento.