Parcerias com universidades dos EUA para "manter e melhorar"

Estiveram em causa no ano passado, receberam um prolongamento temporário da validade devido à queda do Governo PS - que não quis comprometer um novo executivo com qualquer decisão e renovou o programa apenas por um ano - e veem agora a importância da sua continuidade defendida por um relatório da consultora externa a quem a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) entregou a sua avaliação: as parcerias da academia portuguesa com universidades norte-americanas têm tido “fortes impactos positivos” e “devem ser mantidas”, embora o relatório final conhecido esta segunda-feira também identifique vários aspetos a melhorar..O estudo da consultora Technopolis Group Portugal , com 262 páginas, salienta que as parcerias internacionais entre instituições portuguesas e universidades norte-americanas – Carnegie Mellon University (CMU), Massachusetts Institute of Technology (MIT) e University of Texas at Austin (UT Austin) –, criadas em 2006, no tempo do ex-ministro socialista Mariano Gago, têm promovido “avanços significativos” na ciência, tecnologia e inovação em Portugal. Por isso, a primeira das 13 recomendações finais não deixa dúvidas quanto à pertinência do programa: “Recomendamos a continuidade das parcerias com a CMU, MIT e UT Austin, mantendo pelo menos 3% do orçamento da FCT alocado para sustentar os impactos de longo prazo.”.O Ministério da Educação, Ciência e Inovação, que divulgou o relatório final, refere que “o Governo terá em conta os resultados deste relatório na definição e implementação da nova fase das parcerias com aquelas e outras universidades americanas”, deixando antever a continuidade das parcerias, que pareciam em risco de acabar ainda há um ano, quando se discutia entre a academia portuguesa o real custo-benefício de um programa que já levou o Estado português a investir mais de 300 milhões de euros nos últimos 18 anos..Melhor governança e monitorização.O estudo apresenta então 12 conclusões e 13 recomendações para o futuro. Entre as conclusões que permitem um balanço positivo das parcerias estão o “impacto transformador positivo”, como as “oportunidades para universidades e empresas portuguesas se envolverem em projetos complexos que teriam sido difíceis de realizar de forma independente”..É apontado o exemplo de startups inicialmente envolvidas nos programas que se tornaram unicórnios, como a Feedzai ou Sword Health, o benefício dos doutoramentos duais (no caso da CMU), cujos efeitos continuam a beneficiar carreiras académicas e empresariais, ou o o acesso a tecnologias de ponta e a redes internacionais, que resultaram em publicações científicas de alta qualidade com impacto comprovado no número de citações científicas e uso em patentes..Embora os impactos sejam amplamente reconhecidos, também são identificadas várias melhorias a implementar,como uma governança mais eficiente e mecanismos de monitoração mais sólidos. O estudo identificou falhas em sistemas de gestão descentralizados e atrasos nos financiamentos, além de lacunas na definição de métricas de avaliação. Para o futuro, fica também a recomendação da ampliação do âmbito das parcerias, incluindo novas áreas científicas e geográficas, para reforçar ainda mais sua relevância e alcance..As 13 recomendações finais:.. Recomendamos a continuidade das parcerias com a CMU, MIT e UT Austin, mantendo pelo menos 3% do orçamento da FCT alocado para sustentar os impactos de longo prazo... Recomendamos aproveitar as parcerias internacionais para fortalecer a posição de Portugal e da Europa em redes internacionais de CTI (Ciência, Tecnologia e Inovação) e no nível diplomático... Recomendamos definir prioridades temáticas por meio de um processo participativo, alinhando os interesses dos EUA, UE e Portugal para alcançar os melhores resultados e impactos... Recomendamos manter um forte compromisso político, garantindo ao mesmo tempo um caminho para processos de tomada de decisão estratégica mais inclusivos e transparentes... Recomendamos a introdução de um modelo de governança multinível mais dinâmico e flexível, no qual o Conselho Nacional para a Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI) possa desempenhar um papel central como órgão estratégico de coordenação... Recomendamos o desenvolvimento de um modelo lógico de programa... Recomendamos a definição explícita de objetivos, métricas de sucesso e indicadores nos contratos de parceria para garantir um monitoramento e avaliação eficazes... Recomendamos o fortalecimento e expansão dos programas de doutoramento dual... Recomendamos a ampliação dos intercâmbios de estudantes e professores, além do aumento da presença de professores norte-americanos visitantes de longa duração nas instituições portuguesas... Recomendamos a reinstauração dos programas de mestrado executivo... Recomendamos que projetos exploratórios menores sejam reavaliados para garantir que contribuam de forma mais eficaz para os objetivos estratégicos mais amplos das parcerias... Recomendamos o relançamento do UTEN (Universidade Technology Enterprise Network) com um mandato ampliado e maior financiamento para apoiar start-ups e fortalecer os ecossistemas de inovação... Recomendamos a implementação de iniciativas de capacitação para profissionais de gestão de ciência e tecnologia, visando sustentar o crescimento a longo prazo... Recomendamos o estabelecimento de um quadro de gestão mais profissionalizado para assegurar a sustentabilidade e eficácia de longo prazo das parcerias.

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