Papa Francisco abre cerimónia do lava-pés a mulheres
Até agora o decreto determinava que fossem homens ou rapazes os escolhidos, mas o Papa já tinha incluído mulheres
É o fim de uma tradição. O Vaticano anunciou que as mulheres podem participar na cerimónia do lava-pés, que se realiza na Quinta-feira Santa. Até agora, os escolhidos eram normalmente homens e rapazes que representavam os 12 apóstolos a quem Jesus terá prestado o gesto de humildade na Última Ceia.
Em 2013, o Papa Francisco já havia quebrado essa tradição ao incluir duas mulheres na cerimónia, uma italiana católica e uma muçulmana sérvia. Na altura, a decisão foi alvo de algumas críticas por parte de conservadores, segundo a CNN, que consideraram que o Papa estava a atropelar as tradições católicas.
Numa carta de dezembro de 2014 - mas só agora revelada - dirigida ao prefeito Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, o Cardeal Robert Sarah, Francisco defende que a cerimónia deve ser aberta a todos os católicos, incluindo as mulheres.
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A mudança hoje anunciada altera a prática de 1955, quando foi se realizou a reforma da Semana Santa. O decreto "Maxima Redemptionis nostrae mysteria" dizia que a cerimónia do lava-pés deveria ser feita a "doze homens", durante a Missa na ceia do Senhor, para assim representar "a humildade e o amor de Cristo pelos seus discípulos", segundo escreve a Agência Ecclesia.
Perante a decisão do Papa Francisco, deixará de se fazer a referência aos "homens escolhidos", dizendo-se a partir de agora os "escolhidos entre o povo de Deus". Assim, as comunidades católicas podem "escolher um grupo de fiéis que represente a variedade e a unidade de cada porção do povo de Deus".
A alteração refere ainda que "tal grupo pode ser composto por homens e mulheres e, convenientemente, jovens e idosos, sãos e doentes, clérigos, consagrados, leigos".