Padre italiano diz que os sismos foram castigo divino pelas uniões gay
Um "castigo divino". Foi assim que o padre Giovanni Cavalcoli classificou os sismos que recentemente abalaram a Itália central, falando na Rádio Maria, que difunde programação católica em 59 países de todo o mundo.
O religioso, que é conhecido por ter opiniões radicais e super conservadoras, falava no passado domingo, 30 de outubro, dia em que se registou em Itália o terramoto mais violento desde 1980, com uma magnitude de 6.5 na escala de Richter. Além de defender a tese de que os abalos eram fruto da ira de Deus, Cavalcoli acrescentou que o castigo se justifica pelas "ofensas à família e à dignidade do casamento, em particular através das uniões civis" dos casais gay - as uniões civis entre pessoas do mesmo sexo são legais em Itália desde o mês passado.
A rádio distanciou-se de imediato das declarações do padre, suspendendo o espaço de oração de Cavalcoli, e o próprio Vaticano foi obrigado a reagir perante a onda de indignação levantada à medida que as palavras do religioso eram repetidas pelos meios de comunicação social. A Santa Sé sublinhou que a ideia de um Deus vingativo não é mais do que uma "visão pagã" que remonta à era pré-cristã.
Já o número dois na Secretaria de Estado do Vaticano, o arcebispo Angelo Becciu, veio dizer que os comentários do padre eram uma ofensa para os crentes e uma desgraça para os não crentes, pedindo o perdão das vítimas dos sismos e recordando que todos têm a "solidariedade e o apoio" do Papa Francisco.
Mas o padre Cavalcoli não quis retirar uma vírgula à tese que defendeu. A outra estação de rádio italiana, garantiu que os sismos eram mesmo causados pelos "pecados do Homem" e aconselhou o Vaticano a reler o catecismo.